Últimos tripulantes de avião venezuelano retido na Argentina chegam a Caracas
Os últimos cinco tripulantes de um avião venezuelo-iraniano, retidos durante quatro meses em Buenos Aires por suspeita de ligações com o terrorismo internacional, chegaram à Venezuela, embora o Boeing 747 Dreamliner de carga continue sob investigação.
Os três iranianos e dois venezuelanos foram recebidos em Caracas na sexta-feira pelo ministro dos Transportes venezuelano, Ramón Velásquez, o embaixador iraniano no país, Hojjatollah Soltani, assim como por familiares e amigos, avançou a televisão venezuelana Telesur.
Velásquez afirmou que conseguir a liberdade de todos os 19 tripulantes é uma "vitória", tanto para a Venezuela quanto para o Irão. Os primeiros 14 tripulantes tinham sido libertados em setembro.
"Estamos mais do que seguros de que, com paciência estratégica, com as diretrizes estabelecidas pelo Presidente Nicolás Maduro, mais cedo ou mais tarde também teremos o avião de volta à Venezuela", acrescentou o ministro.
Em 14 de outubro, a Justiça argentina autorizou a saída dos últimos cinco tripulantes que ainda estavam detidos no país, mas manteve o confisco do avião.
O juiz federal argentino Federico Villena considerou que não havia provas suficientes para acusar os tripulantes do avião de qualquer crime.
O Boeing 747 Dreamliner de carga foi propriedade da empresa iraniana Mahan Air e agora pertence à Emtrasur, filial do Consórcio venezuelano de indústrias aeronáuticas e serviços aéreos (Conviasa), empresas que estão sancionadas pelo Departamento do Tesouro (Finanças) dos Estados Unidos.
O avião aterrou na Argentina em 06 de junho proveniente do México, fazendo escala na Venezuela, alegadamente para transferir um carregamento de uma empresa automóvel, e dois dias depois seguiu em direção ao Uruguai para abastecimento, mas regressou novamente em Ezeiza, o aeroporto internacional de Buenos Aires, pelo facto de autoridades uruguaias não terem permitido a aterragem.
As petrolíferas argentinas não abasteceram o avião com combustível devido ao receio de sanções dos Estados Unidos e posteriormente, em 11 de julho, foi anunciada a decisão do Governo argentino de imobilizar o aparelho.
A justiça argentina admitiu o pedido da justiça norte-americana para confiscar o avião, alegando que a transferência por parte da empresa iraniana para a venezuelana viola as leis de exportação norte-americanas.
A Argentina foi alvo de dois atentados terroristas na década de 1990, contra a Associação mútua israelita argentina (AMIA) e contra a embaixada de Israel em Buenos Aires, com a justiça local a apontar, na ocasião, responsabilidades ao grupo xiita libanês Hezbollah e a membros do então Governo iraniano.
Um dos pilotos do avião retido na Argentina, o iraniano Gholamreza Gashemi, tem um nome semelhante a um membro das Forças Quds -- uma divisão dos Corpos da Guará revolucionária islâmica --, definida pelos Estados Unidos como instrutores do Hezbollah.