Comissão de investigação intima Trump a depor
A comissão que investiga o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos emitiu hoje uma intimação ao ex-Presidente norte-americano Donald Trump, dizendo que o republicano "orquestrou" um plano para anular os resultados das eleições presidenciais de 2020.
"Reconhecemos que uma intimação a um ex-presidente é uma ação significativa e histórica", escreveram o presidente da comissão, Bennie Thompson, e a vice-presidente, Liz Cheney, na carta dirigida a Trump.
O painel de nove membros emitiu uma carta aos advogados do ex-chefe de Estado, exigindo o seu testemunho sob juramento até 14 de novembro.
A comissão delineou um pedido de vários documentos, incluindo conversas pessoais entre Trump e membros do Congresso, bem como com grupos extremistas.
Ainda não é claro como o ex-presidente e a sua equipa jurídica vão responder à intimação.
Trump pode concordar ou negociar com a comissão, anunciar que vai desafiar a intimação ou ignorá-la.
Pode ainda ir para tribunal e tentar impedi-la.
A intimação é a mais recente e significativa evolução na investigação de 15 meses da comissão que investiga o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos em 06 de janeiro de 2021, colocando os membros do painel em confronto direto com o principal ator do caso após depoimentos de assessores e aliados.
A comissão escreve na carta que reuniu "provas esmagadoras" de que Trump "orquestrou pessoalmente" um plano para reverter a sua derrota nas eleições presidenciais de 2020, inclusive a disseminação de alegações falsas de fraude eleitoral generalizada, "tentando corromper" o Departamento de Justiça e pressionando autoridades estaduais, membros do Congresso e o seu próprio vice-presidente para tentar mudar os resultados.
No entanto, os congressistas dizem que permanecem ainda desconhecidos detalhes importantes sobre o que Trump estava a fazer durante a invasão ao Capitólio.
De acordo com a comissão, a única pessoa que pode preencher as lacunas é o próprio Trump.
O painel -- composto por sete democratas e dois republicanos -- aprovou a intimação para Trump numa votação surpresa na semana passada. Todos membros votaram a favor.
Mais de 850 pessoas foram acusadas pelo Departamento de Justiça no ataque ao Capitólio, com algumas a serem condenadas a longas sentenças de prisão. Vários líderes e membros dos grupos neofascistas Oath Keepers e Proud Boys foram acusados de sedição.
Trump enfrenta várias investigações estudais e federais sobre as suas ações nas eleições.
A anterior sessão pública da comissão, a 10.ª e apenas algumas semanas antes das eleições intercalares, investigou o "estado de espírito" de Trump, disse o democrata Bennie Thompson.
A comissão está a começar a resumir as suas conclusões de que o republicano Trump, após perder as eleições presidenciais de 2020, tentou impedir que o Congresso certificasse a vitória do democrata Joe Biden. O resultado foi a invasão ao Capitólio por manifestantes pró-Trump.
A comissão pode tomar uma decisão sobre fazer uma referência criminal ao Departamento de Justiça, embora Cheney tenha referido que o trabalho do painel não era tomar decisões de acusação.
Várias pessoas que estavam entre os milhares que invadiram o Capitólio estão agora a concorrer a cargos no Congresso, algumas com o apoio do ex-Presidente republicano.
Na audiência da semana passada, polícias que tentaram deter a multidão em 06 de janeiro de 2021 preencheram a primeira fila da sala de audiências.