PGR angolana colabora com Portugal para "encontrar solução" para o Eurobic
A Procuradoria-Geral da Republica angolana está a trabalhar com as autoridades portuguesas para "encontrar a melhor solução" para que se efetue a venda do EuroBic, onde a empresária angolana Isabel dos Santos detém uma participação de 42,5%.
Sem confimar o desbloqueio das contas de Isabel dos Santos, arrestadas pela justiça angolana, conforme avançou o Jornal Económico, fonte oficial da PGR indicou que está a colaborar com as autoridades portuguesas "para que se efetue a venda do banco, da melhor forma possível".
A venda do Eurobic ao banco espanhol Abanca estava condicionada à autorização das autoridades judiciais angolanas por forma a permitir a regularização societária das sociedades Finisantoro Holding Limited e Santoro Financial Holding, através das quais a empresária detém a participação de 42,5% no EuroBic.
O Jornal Económico avançou hoje que a PGR autorizou Isabel dos Santos a realizar pagamentos de dívidas, através das contas bancárias arrestadas no âmbito do escândalo que ficou conhecido como 'Luanda Leaks', às duas sociedades.
Segundo o jornal, a PGR angolana já comunicou a decisão aos advogados da filha do antigo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, estando autorizada a movimentar um montante máximo de 50 milhões de euros, para pagar dívidas ao fisco, segurança social e aos próprios advogados.
O Jornal Económico refere ainda que o Abanca ofereceu cerca de 210 milhões de euros pelo EuroBic, um valor que terá sido aceite por Fernando Teles, o segundo maior acionista, com 37,5% e os outros acionistas angolanos como Luís Cortez dos Santos, Manuel Pinheiro Fernandes e Sebastião Lavrador (cada um com 5% do capital).
O EuroBic reportou em junho um lucro de 7,5 milhões de euros, em 2021, face aos prejuízos de cinco milhões do ano anterior, quando a participação de Isabel dos Santos foi arrestada, na sequência do 'Luanda Leaks'.
"O resultado líquido obtido no exercício de 2021 ascendeu a 7,5 milhões de euros, que compara muito positivamente com os cinco milhões de euros de resultado negativo no ano anterior", anunciou o banco, em comunicado.
A instituição detida em 42,5% por Isabel dos Santos e em 37,5% por Fernando Teles não fazia na altura qualquer referência à operação de venda da participação da empresária angolana, que aguardava autorização das autoridades judiciais angolanas.
O negócio esteve perto de se concretizar em 2020, com o Abanca a chegar, em fevereiro desse ano, a um pré-acordo para comprar 95% do capital do EuroBic, mas o banco galego acabou por desistir do negócio, por considerar que "as condições acordadas [...] não foram cumpridas", segundo o Jornal Económico.