Trabalhadores da TAP e plataforma cívica dizem que futuro da companhia depende do 'hub' de Lisboa
A plataforma cívica que se opõe ao novo aeroporto na Base Aérea do Montijo e a Comissão de Trabalhadores (CT) da TAP defenderam hoje que o futuro da companhia aérea portuguesa "depende da manutenção do `hub´ aeroportuário de Lisboa".
"O futuro da companhia aérea de bandeira está dependente, em grande medida, da defesa, da manutenção e salvaguarda do 'hub' de Lisboa e o mesmo é dizer o 'hub' da TAP", refere um comunicado conjunto das duas entidades, na sequência de uma reunião efetuada hoje a pedido da Plataforma Cívica Aeroporto na BA6 Não, em Lisboa.
Para as duas organizações - plataforma e comissão -, que defendem a construção do novo aeroporto na zona de Alcochete e a manutenção da TAP na esfera pública, "a manter-se esta indefinição quanto ao aeroporto de Lisboa, as implicações e consequências para a região, para as populações e para os trabalhadores do setor aeroportuário poderão ser demasiado gravosas para o país".
"O país tem tudo a ganhar e só progredirá se a TAP se mantiver como companhia aérea de bandeira na esfera do interesse público, o mesmo é dizer dos portugueses residentes e dos portugueses da diáspora", lê-se no documento.
A Plataforma Cívica Aeroporto na BA6 Não e a CT da TAP consideram, por isso, que "qualquer outra solução constituirá um sério revés para os sacrifícios efetuados por trabalhadores e populações" e prometem "acompanhar de perto o anunciado processo de privatização da companhia aérea e localização do novo aeroporto".
As duas organizações manifestam ainda disponibilidade de poder encarar, junto da opinião pública, iniciativas conjuntas ou convergentes com vista a alargar o debate e a participação dos cidadãos e de outros parceiros.
Contactada pela agência Lusa, Cristina Carrilho, da Comissão de Trabalhadores da TAP, reiterou a intenção das duas entidades de organizarem uma iniciativa conjunta com a participação de pessoas e entidades ligadas à aviação, que poderá ter lugar até final deste ano e no início de 2023.
"Queremos ter a participação de outras entidades ligadas ao setor da aviação, como a NAV, a ANA e o `handling´, porque estas questões [novo aeroporto e privatização da TAP] são importantes para todos", disse Cristina Carrilho.
"Tem sido feito muito debate, mas não se têm ouvido as pessoas - tanto quanto se deveriam ouvir - que percebem de aviação: as companhias de aviação, os pilotos, os trabalhadores do setor, entre outros", corroborou José Encarnação, da plataforma cívica.
Na sexta-feira da semana passada, foi publicada a resolução do Conselho de Ministros sobre a Comissão de Acompanhamento da Comissão Técnica Independente que vai estudar as soluções para o novo aeroporto, presidida por Carlos Mineiro Aires, e que integra também os presidentes de câmara de localizações em estudo, segundo a resolução do Conselho de Ministros, hoje publicada.
No final de setembro, o Governo já tinha aprovado uma proposta de lei para alterar o poder dos municípios de vetar obras de interesse nacional, como aconteceu com o projeto para o Montijo, que não obteve parecer favorável de todas as autarquias envolvidas e, por isso, foi 'chumbado' pela Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC).
Também no final do passado mês de setembro, o primeiro-ministro, António Costa, disse esperar que a privatização da TAP pudesse ser concretizada no prazo de 12 meses.