“A insularidade coloca desafios acrescidos” nas alterações climáticas
Qualidade e nível de preparação dos técnicos do Ambiente na Região surpreende coordenador nacional da The Climate Reality Project
“O cenário da crise climática que temos pela frente coloca-nos o desafio das nossas vidas. Os dados são bastante preocupantes, mas também mostramos que temos as soluções à nossa mão. Vai das opções que tomarmos para o futuro”. A conclusão é de Carlos Fulgêncio, coordenador nacional da The Climate Reality Project, uma organização não-governamental, sem fins lucrativos criada com a missão é catalisar uma solução global para a crise, fundada em Julho de 2011 pelo ex-Vice-Presidente dos Estados Unidos (1993-2001) e Prémio Nobel da Paz (2007), Al Gore.
Pela primeira vez na Região, onde veio ministrar, juntamente com Cristina Calheiros, da equipa em Portugal do The Climate Reality Project, uma formação promovida pela Secretaria Regional de Ambiente, Recursos Naturais e Alterações Climáticas, Carlos Fulgêncio confessou ter ficado
“muito agradavelmente surpreendidos com a qualidade e o nível de preparação” dos técnicos madeirenses, nomeadamente os que desempenham a sua actividade “na Secretaria Regional de Ambiente, Recursos Naturais e Alterações Climáticas, mas também nas câmaras municipais e empresas privadas. Ficamos muito surpreendidos com o nível de preparação e de sensibilização que as pessoas têm. Estão muito bem formadas e informadas e de facto esse é o primeiro passo para resolver o desafio que nós temos pela frente”, apontou.
Em declarações à margem da conferência ‘Contagem para o Futuro - A actualidade da crise climática’, promovida esta manhã pela Direcção Regional de Ambiente e Alterações Climáticas (DRACC) tendo como oradores os dois elementos da equipa em Portugal do The Climate Reality Project, Carlos Fulgêncio reconheceu que “a insularidade coloca desafios acrescidos” às alterações climáticas, principalmente regiões como a Madeira face “à importância que o sector turístico tem especificamente para a economia local”, razão pela qual esses desafios são acrescidos. Na opinião deste ambientalista, “resta saber como é que nós os vamos enfrentar”. Na actualidade entende que “a forma mais eficaz para nós conseguirmos reduzir as emissões de gases com efeito estufa é taxar essas mesmas emissões”, ou seja, “implementar uma taxa de carbono sobre todos os sectores da economia vai naturalmente tornar os bens e os serviços mais caros, mas há alternativas. Não significa deixar de consumir, não significa deixar de comprar viagens de avião, por exemplo. Significa que estas vão ficar mais caras e que essas verbas devem ser utilizadas para a transição climática”, defende.