Oposição britânica unânime a exigir eleições legislativas
O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, defendeu hoje a convocação de eleições legislativas "já", depois de a primeira-ministra Conservadora, Liz Truss, ter anunciado a demissão.
"O Partido Conservador demonstrou que já não tem mandato para governar. Após 12 anos de fracasso dos 'tories', o povo britânico merece muito melhor do que esta porta rotativa caótica", disse Starmer num comunicado.
O líder do principal partido da oposição criticou o Partido Conservador por querer "estalar os dedos e mudar as pessoas no topo sem o consentimento do povo britânico".
A primeira-ministra britânica, Liz Truss, anunciou hoje a sua demissão numa declaração à porta da residência oficial de Downing Street, em Londres.
"Reconheço que, dada a situação, não posso cumprir o mandato para o qual fui eleita pelo Partido Conservador. Por conseguinte, falei com Sua Majestade o Rei para o notificar de que me demito como líder do Partido Conservador", disse.
Truss mantém-se em funções como primeira-ministra até ser escolhido um sucessor na liderança do Partido, que será indigitado chefe do Governo pelo Rei Carlos III, pois os Conservadores mantêm uma maioria absoluta no Parlamento.
Também o partido Liberal Democrata defendeu eleições legislativas, acusando os conservadores de serem "incompetentes para liderar o país".
"Não precisamos de outro primeiro-ministro conservador a cambalear de crise em crise, precisamos de uma eleição nacional, precisamos dos conservadores fora do poder, disse, urgindo os deputados do partido rival a "cumprirem o seu dever patriótico, colocarem o país em primeiro lugar e darem ao povo uma palavra a dizer".
No Reino Unido, as eleições legislativas são convocadas pelo chefe do governo ou após a dissolução do Parlamento, que só pode acontecer após uma moção de censura.
Esta teria de ser apoiada por deputados do Partido Conservador, que tem a maioria parlamentar.
Analistas políticos consideram esta possibilidade improvável porque a vantagem de cerca de 30 pontos percentuais dos Trabalhistas nas sondagens mais recentes apontam para uma vitória esmagadora, dizimando o partido Conservador.
As próximas eleições legislativas não estão agendadas, tendo como prazo que se realizem até janeiro de 2025.
O Partido Nacional Escocês (SNP), o segundo maior partido da oposição, também defendeu que "uma eleição nacional é um imperativo democrático", disse a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon.
Truss, de 47 anos, foi declarada líder dos 'tories' em 05 de setembro com 57% dos votos, derrotando Rishi Sunak na eleição interna para substituir Boris Johnson.
Na origem da queda está uma crise política e económica desencadeada pela turbulência nos mercados financeiros registada após a apresentação de um "mini orçamento" em 23 de setembro com grandes cortes fiscais.
Truss foi obrigada a pedir desculpa pelos "erros", cancelar quase todos os cortes fiscais e a substituir Kwasi Kwarteng por Jeremy Hunt como ministro das Finanças.
O descontentamento no partido no poder agravou-se após alegações de coação física na quarta-feira à noite no Parlamento sobre deputados conservadores para apoiarem o Governo numa votação contra a proibição da exploração de gás de xisto.