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Igreja de São Martinho recebe concerto do Festival de Órgão da Madeira

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O concerto de amanhã, sexta-feira, no âmbito do 11.º Festival de Órgão da Madeira, evento organizado pela Secretaria Regional de Turismo e Cultura, através da Direção Regional da Cultura, e com direcção de artística de João Vaz, tem lugar pelas 21h30, na Igreja de São Martinho (Funchal).

Sobre o tema 'Fiori musicali – Frescobaldi e polifonias da Córsega', o concerto junta Élisabeth Joyé, no órgão, e o Ensemble Madrigalesca, sob direção de Nicole Casalonga.

"Os cantos polifónicos da Córsega constituem uma das mais antigas tradições musicais populares da Europa. Objecto de um movimento revivalista a partir dos anos 1970, esta tradição tornou-se num dos símbolos identitários da cultura corsa. Neste programa, o ensemble feminino Madrigalesca propõe uma viagem por aquele universo musical, contrapondo a polifonia religiosa tradicional da Córsega às obras para órgão de Girolamo Frescobaldi, publicadas no início do século XVII", refere a Secretaria Regional de Turismo e Cultura, através da assessoria de imprensa.

Elisabeth Joyé é uma figura notável da escola francesa de cravo. A imprensa retém de si interpretações de grande delicadeza, uma arte inigualável do toucher, enfim uma busca constante por cores e expressividade.

Esta ciência do teclado, foi-lhe transmitida pelos grandes nomes do cravo: Gustav Leonhardt no Conservatório Sweelinck de Amesterdão, Bob van Asperen no Conservatório Real de Haia, Jos van Immerseel no Conservatório Real de Antuérpia, onde se diplomou com grande distinção.

Depois de ter tocado durante muitos anos em várias orquestras, Elisabeth Joyé dedica-se agora sobretudo à música de câmara e a recitais de cravo e órgão. Gravou extensivamente com orquestra, em particular com a Simphonie du Marais, dirigida por Hugo Reyne, no âmbito da música de câmara (Couperin, Bach, Blow, Purcell) e a solo (Bach, Duphly, Fischer).

Sendo também uma pedagoga muito procurada, sempre quis abrir a sua investigação sobre a arte de tocar o cravo aos outros: uma busca compartilhada “para chegar a um canto e uma execução expressiva”, como escreveu Bach no seu prefácio das Invenções.

Leciona cravo e baixo contínuo no Conservatório Erik Satie em Paris, na Escola Superior de Música de Lisboa e em master classes na Europa, América e Japão.

No rastro inebriante de canções de embalar (nanne), lamentos (lamenti), mas também dos terzetti e serenati, paghjelle etéreas que nossos antepassados cantavam, o ensemble Madrigalesca inscreve um percurso-memória pelas encruzilhadas dos caminhos.

É um convite a um passeio entre a música popular e a praxis antiga questionando na oralidade, o que a paghjella conta do falsobordone e o que diz sobre o madrigal do quattrocento italiano os terzetti e o madrigale do repertório corso da poesia amorosa, explorando também os repertórios sacros e a sua filiação nas salmodias gregorianas. Uma, duas e três vozes (as de Gigi Casabianca, Cathy Graziani e Nicole Casalonga) que discorrem, dialogam, cruzam-se e fundam-se: "três vozes para pensar o mundo".

O ensemble Madrigalesca é regularmente solicitado por grupos de música antiga para programas originais baseados em fontes escritas, seculares ou sagradas e na tradição oral. Como aqui com Élisabeth Joyé no programa Fiori Musicali, tendo como solista convidada, Patricia Bovi, diretora do ensemble Micrologus. Madrigalesca, foi fundado por Nicole Casalonga, para o qual compôs ou arranjou várias obras.

O concerto de amanhã tem uma vez mais entrada gratuita.

Mais informações poderão ser obtidas no portal oficial do Festival de Órgão, em https://festivaldeorgao.madeira.gov.pt/pt/pagina-principal.html .

Sobre o órgão da Igreja de São Martinho

A referência documental mais antiga que conseguimos encontrar relativamente à existência de um órgão de tubos na Igreja Paroquial de São Martinho remonta a 1806. De acordo com um registo lançado pelo tesoureiro da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, foi contratado, em 1806, um organista para afinar o órgão, verificando-se outras informações mais tardias relacionadas com intervenções de manutenção.

No registo da despesa do ano de 1862, lançada no Livro da Fábrica (1834-1877), o Vigário José Rodrigues de Almada anotava a quantia de 200.000 réis para pagamento do órgão novo, especificando que 150.000 réis foram aplicados pela Fábrica da Igreja, 40.000 réis transitaram do valor que foi pago sobre o antigo órgão e 10.000 réis foram oferecidos, perfazendo assim o preço real do instrumento.

Através desta fonte não foi possível determinar em que condições o seu transporte foi efetuado, nem mesmo onde foi adquirido. O certo é que, em 1863, o órgão encontrava-se já na igreja, pois, nesse mesmo ano, o Padre João G. de Noronha era contratado para afinar o referido instrumento, recebendo pelo seu trabalho 2.000 réis.

Verificada a transferência da paróquia para a nova igreja, sagrada em 1918, o órgão foi então levado para o novo templo, onde funcionou até 1934. Conforme os registos encontrados no Livro da Fábrica (1877-1954), o órgão foi objeto de sucessivas intervenções de manutenção, sendo as intervenções mais dispendiosas realizadas em 1879 (pagamento de 38.000 réis a Nuno Rodrigues) e, em particular, em 1916, pela circunstância de se encontrar muito desafinado e com várias deficiências técnicas.

Enquanto instrumento de acompanhamento e dignificação das celebrações religiosas, o órgão da Igreja de São Martinho terá participado nas diversas solenidades, tendo em 1917 sido registado no Livro da Fábrica uma receita de 10$700 “proveniente da contribuição do órgão nos festejos”.