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Líder trabalhista quer eleições legislativas "já" no Reino Unido

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O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, pediu hoje a convocação imediata de eleições legislativas no Reino Unido devido à crise política no Governo, com a primeira-ministra, Liz Truss, sob cada vez mais pressão para se demitir. 

"Isto não pode continuar. O Reino Unido merece melhor. O Reino Unido não pode aguentar o caos dos Conservadores, precisamos agora de uma eleição nacional já", defendeu.

Starmer falava na abertura de um discurso no encerramento do congresso da confederação intersindical Trades Union Congress (TUC), em Brighton, onde ironizou sobre a situação instável. 

"Com tanta coisa a acontecer, estou um pouco nervoso por desligar o telefone durante meia hora ou 45 minutos. Não sabemos mesmo o que terá acontecido quando o ligar de novo", gracejou. 

Hoje, mais deputados do Partido Conservador manifestaram publicamente o desejo que Truss se demita, na sequência da instabilidade no Governo e relatos de confusão e coação física numa votação no parlamento na quarta-feira. 

"Infelizmente, parece que temos de mudar de líder", reconheceu Gary Streeter, urgindo a bancada parlamentar a "redescobrir urgentemente a disciplina, o respeito mútuo e o trabalho de equipa". 

Sheryll Murray concordou, indicando ter submetido uma carta a retirar a confiança a Truss, eleita líder do partido há apenas 45 dias. 

"Tinha grandes esperanças para Liz Truss, mas depois do que aconteceu ontem [quarta-feira] à noite, a posição dela tornou-se insustentável", disse

Segundo a estação Sky News, pelo menos 14 deputados entre os 357 do Partido Conservador indicaram publicamente querer a demissão de Truss, dos quais cinco fizeram-no hoje.  

De acordo com jornal The Times, o Comité 1992, o conselho dos deputados que organiza as eleições para a liderança, vai reunir-se hoje para avaliar a crise actual no executivo.

Para desencadear uma moção de censura interna é necessário tecnicamente que seja subscrita por 15% do grupo parlamentar, equivalente a 54 deputados, mas as regras atuais no Partido Conservador protegem o líder nos primeiros 12 meses do mandato, a não ser que sejam alteradas. 

O presidente da Câmara dos Comuns, Linday Hoyle, disse hoje ter aberto um inquérito às alegações de coação física entre deputados do Partido Conservador para votarem a favor do Governo na quarta-feira à noite. 

Em causa estava a exploração de gás de xisto [fracking], promovida pelo Governo mas que o Partido Trabalhista quer impedir. O Executivo derrotou a proposta de proibição do 'Labour'. 

Horas antes, Suella Braverman tinha anunciado a demissão de ministra do Interior em conflito com Truss, a qual criticou por estar a romper com compromissos feitos para reduzir a imigração.  

As próximas eleições legislativas não estão agendadas, tendo como prazo que se realizem até janeiro de 2025.