Relações económicas entre Portugal e Qatar têm registado "crescimento constante"
O embaixador do Qatar em Portugal afirma à Lusa que as relações económicas entre os dois países "têm testemunhado um crescimento constante" nas últimas décadas e recordou que o Estado qatari "detém mais de 2%" da EDP.
"As relações económicas entre os dois países têm testemunhado um crescimento constante nas últimas décadas com o aumento do volume de trocas comerciais, o que fortaleceu as pontes de cooperação mútua e abriu uma janela para explorar novas oportunidades de parceria", diz Saad Al Muhannadi, em resposta por escrito à Lusa.
Aliás, "os dois países mantêm excelentes relações, refletidas em vários acordos económicos e memorandos de cooperação, visto que os interesses comuns entre ambos os países exigem cooperação e aproximação a nível político, económico e cultural", acrescenta o diplomata.
Saad Al Muhannadi sublinha que o Estado do Qatar "tem uma das economias mais abertas do mundo e está empenhado em estabelecer parcerias em benefício dos dois países e povos nos setores do investimento, comércio, turismo, ambiente, energia, cultura e desporto, além de apoiar projetos e iniciativas de desenvolvimento e promover a criação de laços entre os setores privados de ambos países".
No que respeita a investimentos do Estado do Qatar em Portugal, a Autoridade de Investimento do Qatar (QIA - Qatar Investment Authority, em inglês), lembra o embaixador, "detém mais de 2% da EDP - Energias de Portugal".
Também o setor privado, prossegue, "está presente em Portugal nas áreas imobiliária e turística, com destaque para um grande investimento recente numa unidade hoteleira na região do Algarve", acrescentou, referindo-se ao W, em Albufeira.
Relativamente ao Campeonato do Mundo de futebol -- que acontece, em 22 edições, pela primeira vez no final do ano e num país árabe e arranca em 20 de novembro --, Saad Al Muhannadi dá "os parabéns" à seleção portuguesa pelo apuramento para a fase final do Campeonato do Mundo de futebol Qatar 2022 e transmite "votos de sucesso".
O desporto, sublinha, "é um dos pilares da estratégia nacional de desenvolvimento, tendo em conta a sua importância para a saúde".
O Qatar "conseguiu dar um salto qualitativo nesta área e tornou-se um Estado patrocinador e uma incubadora mundial do desporto, graças às excelentes infraestruturas desportivas e à larga experiência do país em organizar eventos desportivos", aponta.
Aliás, "Doha transformou-se numa espécie de capital mundial do desporto pelo facto de ter recebido vários campeonatos mundiais ao longo dos anos", refere.
O desporto no Qatar "é visto como uma ponte de cooperação e parceria com muitos países, além de ser um elemento essencial e uma mais-valia para a economia, indústria e engenharia desportiva".
O embaixador espera "um mundial muito bem-sucedido".
O Qatar "comprometeu-se a organizar um mundial fabuloso e excecional em todos os aspetos: desportivo, económico, técnico e urbano -- através de instalações ecológicas de alta tecnologia -- estádios, recintos desportivos, hospitais, centros comerciais, hotéis, estradas, linhas de metro -- para receber as centenas de milhares de adeptos que visitarão o país para assistir ao Mundial", prossegue o diplomata.
"Devido às curtas distâncias entre estádios, os adeptos poderão assistir a mais jogos no mesmo dia sem necessidade de mudar de alojamento durante o campeonato, o que é algo inédito na história do Mundial de futebol", sublinha Saad Al Muhannadi.
Relativamente à polémica que tem sido levantada em torno dos trabalhadores migrantes naquele país, o embaixador refere que, "nos últimos anos", o Estado do Qatar "adotou novas leis e introduziu várias reformas laborais, como por exemplo: a abolição do sistema Kafala (sistema de patrocínio)" ou "a anulação do Certificado de Não Objeção, o que permite aos trabalhadores mudar de emprego; a fixação de um salário mínimo não discriminatório e a criação de um fundo de garantia para os trabalhadores".
Estas reformas "foram aplaudidas pela Organização Internacional de Trabalho que decidiu abrir uma representação em Doha", aponta.
"Os contratos de trabalho garantem aos trabalhadores o acesso gratuito a cuidados de saúde de excelência, sendo que o Estado do Qatar se encontra na linha da frente de todos os países da região em gastos 'per capita' na área da saúde", prossegue o diplomata.
Já sobre os direitos humanos, o embaixador enfatiza que o Estado do Qatar "atribui uma grande importância" ao tema, "sendo a sua promoção uma das prioridades do país.
O Comité Nacional dos Direitos Humanos do Qatar (ONG) "promove a proteção dos direitos humanos a todos o que estão sujeitos à jurisdição do Qatar (nacionais, residentes e passageiros), além de sensibilizar, educar, prestar o apoio necessário aos indivíduos e capacitá-los", refere.
Este comité, que foi criado em 2002, "monitoriza e documenta as violações de direitos humanos, recebe e acompanha denúncias apresentadas por indivíduos ou grupos, partindo da convicção de que as questões dos direitos humanos, civis, sociais, económicos e culturais são um compromisso em prol da justiça, igualdade e dignidade humana para toda a humanidade sem discriminação", explica.
O diplomata sublinha que o Qatar "está empenhado na capacitação das mulheres, inclusão dos jovens e promoção da prática democrática", referindo que o país "ocupa um lugar de liderança no setor dos media, ao oferecer um espaço para difundir sem medo de repressão, por entender que a liberdade de expressão é um dos pilares básicos dos direitos humanos e da construção do Estado".
A fase final do Mundial2022 vai ser disputada dentro de exatamente um mês, entre 20 de novembro e 18 de dezembro, dia nacional do Qatar, por 32 equipas.
Portugal integra o Grupo H da competição, com Uruguai, Coreia do Sul e Gana.