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Oposição venezuelana atribui libertação de prisioneiros a interesses dos EUA e de Maduro

Foto Rayner Pena/EPA
Foto Rayner Pena/EPA

A oposição venezuelana considera que a libertação, no sábado, de sete norte-americanos detidos na Venezuela e de dois sobrinhos da mulher do Presidente, Nicolás Maduro, deveu-se a "interesses" dos dois países.

"Os EUA sempre defendem os seus interesses, (Nicolás) Maduro os dele e da sua cúpula, e nós, os restantes milhões de venezuelanos, temos de continuar a lutar pelos interesses da pátria, da nossa Venezuela, especialmente dos mais esquecidos", disse o ex-candidato presidencial Henrique Capriles Radonski aos jornalistas. Por outro lado, segundo o líder opositor Juan Guaidó, com as libertações "mais uma vez, a ditadura de (Nicolás) Maduro mostra que não está interessada nos venezuelanos, mas simplesmente no seu próprio benefício, ao pedir narcotraficantes em troca de reféns". "Confirma-se que na Venezuela opera um sistema criminoso que ameaça o hemisfério. A libertação de sete reféns americanos sequestrados pela ditadura é uma boa notícia para as suas famílias. Na Venezuela estamos a lutar para libertar o nosso país e todos os prisioneiros políticos são torturados pelo regime, como assinala o (recente) relatório da ONU", explica Juan Guaidó na sua conta do Twitter.

Entretanto, a equipa de Juan Guaidó divulgou um comunicado na Internet onde afirma que "a ditadura que durante anos opera na Venezuela, pretendeu a libertação dos narcotraficantes Franqui Francisco Flores e Efraín Antonio Campo Flores, sobrinhos do ditador Maduro e de Cília Flores, que foram condenados por tráfico de droga a mais de 18 anos de prisão nos EUA", depois de terem sido detidos em 2015. "Isto prova, uma vez mais, o que temos denunciado insistentemente, que um regime criminoso está a operar na Venezuela, ligado ao tráfico de droga. Além de ser uma ameaça à segurança de pessoas de qualquer nacionalidade no país, é um risco para toda a região e o hemisfério", afirma o documento.

O comunicado precisa que os "EUA decidiram prosseguir com a troca (de prisioneiros), uma decisão soberana e faculdade dos nossos aliados, na qual 'o governo interino' venezuelano nada teve nada a ver". "A libertação de sete americanos raptados pela ditadura de Maduro é uma boa notícia para as suas famílias. Ninguém merece viver o inferno que vivem milhões de venezuelanos sob um regime que viola sistemática e maciçamente os seus Direitos Humanos. Como a ONU tem salientado, Maduro ordena diretamente os crimes contra a humanidade na Venezuela", explica o documento.

A oposição insiste que o seu objetivo "é libertar a Venezuela e todos os presos políticos civis e militares hoje sequestrados e torturados pela ditadura (...) Instamos todos os atores e aliados internacionais que defendem os valores da democracia e da liberdade, a não esquecer que, segundo a Missão de Determinação dos Factos da ONU, na Venezuela existe um 'mecanismo de repressão' que procura perpetuar-se no poder". "Qualquer gesto deve ir no sentido de restaurar as instituições democrática, derrotar a ditadura e defender o respeito pelos Direitos Humanos. Qualquer outra direção seria prejudicial para a Venezuela e para o mundo inteiro. Estamos e estaremos sempre com o povo venezuelano e a sua irrenunciável luta pela liberdade", conclui.

A Venezuela libertou, no sábado, sete norte-americanos detidos naquele país sul-americano e os Estados Unidos libertaram dois sobrinhos da mulher do Presidente Nicolás Maduro, detidos por tráfico de droga, anunciaram autoridades dos dois países. A troca dos norte-americanos - incluindo cinco empresários do petróleo detidos há quase cinco anos - é a maior troca de prisioneiros realizada pelo Governo Joe Biden e revela um atenuar das tensões entre os dois países. Em comunicado Caracas confirmou a libertação de dois venezuelanos detidos nos Estados Unidos, felicitando-se com a iniciativa.