Embrulho armadilhado
Dados sobre os aeroportos não espelham com verdade a diversidade
Boa noite!
Toda a comunicação social reproduziu ontem uma notícia divulgada pela Agência Lusa, com base na estatística do INE, dando conta que os aeroportos nacionais movimentaram entre Janeiro e Agosto de 2022 mais 203,3% de passageiros em comparação com o período homólogo de 2021, mas menos 9,3% face ao mesmo período de 2019. E o título mais recorrente foi que o transporte aéreo de passageiros ainda não ultrapassou os níveis do ano pré-pandémico.
Desta forma, com tudo embrulhado no mesmo pacote, expediente com intuitos pouco óbvios, a menos que sirvam para justificar eventuais perdas de receitas de quem gere as pomposas infra-estruturas comerciais e os inusitados aumentos das taxas aeroportuárias, e sem cuidado em isolar os melhores, destacando-os pela positiva, cria-se uma imagem depreciativa de alguns destinos, como que a sugerir que os anunciados recordes afinal são miragem.
No caso da Madeira, os níveis de 2019 estão a ser batidos consecutivamente. O último resultado disponível em termos estatísticos dá conta que a actividade no alojamento turístico apresentou um crescimento de 21,8% nas dormidas face a 2019. E como não há dormidas sem turistas e essa malta não chega à Região a nado, a conta nacional ontem partilhada não espelha com verdade a diversidade.
E se a este facto, acrescentarmos a garantia que no Verão IATA 2022, a Madeira teve uma oferta de 1,5 milhões de lugares em cerca de 8.400 frequências, mais 37,5% de lugares e mais 28% de frequências do que no Verão IATA de 2019, a estatística produzida em Lisboa sem atender à diferenciação peca por defeito.
Mas há mais. Com base nos últimos dados disponíveis, uma vez que os aeroportos da Região assinalaram, no 1.º semestre de 2022, um movimento de aproximadamente 1,8 milhões de passageiros, o que representa mais 8,8% face a 2019, sendo que o aeroporto da Madeira observou uma variação homóloga positiva de 8,1% face a 2019, e o do aeroporto do Porto Santo registou mais 24,2% face a 2019, não é expectável que em Julho e Agosto tenham perdido a vantagem amealhada.
Sendo assim, e mesmo sabendo que o todo é feito com a soma das partes, convém não meter tudo ao barulho, pois comprovadamente há honrosas excepções, motivadas pela conjuntura favorável, pelo mérito de quem promove o destino e pela dedicação de quem trabalha no sector.