Central nuclear de Zaporijia de novo desligada da rede eléctrica
A central nuclear ucraniana de Zaporijia ficou hoje novamente sem energia elétrica da rede externa, dependendo de geradores a diesel para o arrefecimento dos reatores, com Ucrânia e Rússia a acusarem-se mutuamente de responsabilidade pela situação.
A autoridade de energia atómica ucraniana Energoatom disse que a central foi desligada da rede elétrica durante a madrugada de hoje, devido a bombardeamentos russos de uma subestação.
"Hoje, 17 de outubro, terroristas russos voltaram a disparar contra subestações de infraestruturas críticas no território controlado pela Ucrânia, em resultado do que às 03:59 [menos duas horas em Lisboa] a última linha de comunicação de 750 kV [quilovolts] (...) foi desconectada", disse a empresa estatal, citada pela agência noticiosa Ukrinform.
Com o corte de energia externa, "o transformador de reserva para as necessidades" da central "foi desligado e os geradores a diesel foram iniciados", segundo a Energoatom.
"Uma vez mais, apelamos à comunidade internacional para tomar medidas urgentes para desmilitarizar a central nuclear de Zaporijia o mais rapidamente possível", exigiu a Energoatom.
Para a autoridade nuclear ucraniana, a central deve regressar ao controlo total da Ucrânia, "em prol da segurança de todo o mundo".
A Rússia, por sua vez, acusou as forças ucranianas de serem responsáveis pela situação na central, a maior do género na Europa.
O presidente do movimento "Estamos juntos com a Rússia", Vladimir Rogov, disse à agência oficial russa TASS que os bombardeamentos ucranianos impedem o reinício do funcionamento da central.
Segundo Rogov, é necessário que "os bombardeamentos dos militantes do [Presidente ucraniano, Volodymyr] Zelensky parem e que todas as linhas elétricas sejam restauradas".
A central de Zaporijia está sob controlo russo desde 04 de março, poucos dias após o início da invasão russa da Ucrânia.
Desde então, tem sido um dos principais focos da guerra na Ucrânia, dado o perigo de ocorrer um desastre nuclear como o da central ucraniana de Chernobyl, em 1986, o mais grave de sempre no mundo, quando o país integrava a antiga União Soviética.
Ucrânia e Rússia acusam-se mutuamente de lançar ataques contra a área circundante, pondo em perigo a segurança da central e da região.
Uma missão especial da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) começou, em agosto, a avaliar o estado das instalações e dos seus trabalhadores, mantendo uma equipa na central.
Na semana passada, o diretor da AIEA, Rafael Grossi, reuniu-se com autoridades ucranianas e russas para tentar um acordo que permita a desmilitarização da central.
"A situação da central é insustentável e precisamos de ação imediata para a proteger", comentou na rede social Twitter na sexta-feira, ao regressar de Kiev.
As informações divulgadas pelas duas partes sobre a guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro deste ano, não podem ser verificadas de imediato de forma independente.
Desconhece-se o número de baixas civis e militares, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm admitido que será consideravelmente elevado.