Chefes da diplomacia da UE aprovam hoje formação de soldados ucranianos e sanções ao Irão
Os chefes da diplomacia da União Europeia (UE) reúnem-se hoje para aprovar uma nova missão de treino para o exército ucraniano e sanções aos responsáveis pela repressão aos protestos no Irão, após a morte de uma jovem iraniana.
O encontro - que acontece no Luxemburgo numa altura de escalada de tensões na guerra na Ucrânia após recentes ameaças nucleares e novos bombardeamentos russos em série - é presidido pelo Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell.
Portugal estará representado pelo ministro da tutela, João Gomes Cravinho.
Depois de Josep Borrell ter dito há dias que um potencial ataque nuclear da Rússia à Ucrânia desencadearia uma "resposta militar" ocidental tão "poderosa" que "aniquilaria" o exército russo, prevê-se nesta reunião dos ministros europeus dos Negócios Estrangeiros um reforço do apoio à Ucrânia, com a adoção formal da missão de formação da UE do exército ucraniano, que se soma à já mobilizada ajuda militar, financeira e humanitária.
Proposta em agosto passado pelo chefe da diplomacia europeia a pedido das forças ucranianas, esta missão deverá então agora ter 'luz verde' para a UE conseguir, em solo europeu, treinar cerca de 15 mil soldados ucranianos, principalmente com formação militar básica.
De acordo com fontes europeias, a ideia é que esta missão de treino para o exército ucraniano avance já em novembro em países como a Polónia.
Em junho passado, o Governo português manifestou a disponibilidade de Portugal para dar treino a militares ucranianos, tendo a ministra da Defesa, Helena Carreiras, adiantado na altura existir uma avaliação feita do tipo de formação que o país pode oferecer.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou a fuga de milhões de pessoas e a morte de milhares de civis, segundo as Nações Unidas, que classificam esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste encontro dos chefes da diplomacia da UE será ainda discutida a aplicação de sanções aos responsáveis no Irão pela morte de Mahsa Amini e pela forma como as forças de segurança reagiram às manifestações desencadeadas pelo caso da jovem curda iraniana, como já avançado por Josep Borrell num debate no Parlamento Europeu no início do mês.
O Irão tem sido palco de protestos desde que Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana de 22 anos, morreu a 16 de setembro depois de ter sido presa em Teerão pela chamada polícia de costumes por ter alegadamente violado um código de vestuário que exige que as mulheres usem o 'hijab', o véu tradicional muçulmano que cobre a cabeça e os ombros.
Segundo fontes europeias, entre as medidas restritivas agora previstas e que deverão ter hoje aval estão o congelamento de bens na UE e a proibição de entrada no espaço comunitário, que serão aplicadas a cerca de 10 funcionários iranianos responsáveis pela repressão.
Na agenda do encontro consta ainda um debate sobre a guerra na Ucrânia e um outro sobre as relações entre a UE e a China, com o bloco comunitário a querer tornar-se mais autónomo face a potências de países terceiros.