Meloni assinala aniversário da ocupação do gueto de Roma com críticas à "fúria nazi-fascista"
A vencedora das eleições legislativas italianas, Giorgia Meloni, criticou hoje a "fúria nazi-fascista" que levou à ocupação do gueto judeu em Roma, em 1943,
"O dia 16 de outubro de 1943 é para Roma e para a Itália um dia trágico, escuro e indelével. Naquela manhã, poucos minutos depois das 05:00, a vil e desumana deportação de judeus romanos pela fúria nazi-fascista: mulheres, homens e crianças foram arrancadas de suas vidas, casa por casa", referiu Giorgia Meloni (extrema-direita), líder do partido pós-fascista Irmãos de Itália (FdI) e provável futura primeira-ministra do país.
A polícia alemã prendeu centenas de pessoas no gueto judeu de Roma nesta data. Alguns estrangeiros ou pessoas de casamentos mistos foram libertados mais tarde, mas 1.022 homens, mulheres e crianças foram enviados para campos de concentração. Apenas 15 homens e uma mulher retornaram com vida.
"Um horror que deve soar como um aviso para que essas tragédias não se repitam. Uma memória que sabemos ser de todos os italianos, uma memória que serve para construir anticorpos contra a indiferença e o ódio. Uma memória para continuar a combater o antissemitismo em todas as suas formas", concluiu Meloni, acusada de ser simpatizante do ditador fascista Benito Mussolini, que fez aprovar várias leis antijudaicas.
Aos 15 anos, em 1992, Giorgia Meloni decidiu entrar para a Frente da Juventude, uma organização do antigo Movimento Social Italiano (MSI), partido neofascista fundado em 1946 por seguidores do falecido ditador.
Na juventude, Giorgia Meloni era admiradora confessa de Mussolini, que governou a Itália entre 1922 a 1943, num governo que apoiou a Alemanha nazi durante a II Guerra Mundial.
Em 1996, Meloni tornou-se responsável pelo movimento estudantil do partido Aliança Nacional (AN), o novo rosto do MSI. Num programa do canal de televisão France 3, declarou: "Mussolini foi um bom político, tudo o que fez, fez pela Itália".
Em 2012, Gerorgia Meloni fundou o Irmãos da Itália, partido considerado como o novo herdeiro do MSI, e manteve o antigo primeiro-ministro italiano Sílvio Berlusconi [do partido de direita Força Itália] como aliado, aproximando-se também da Liga, partido [de extrema-direita] de Matteo Salvini. A 25 de setembro, ganhou as eleições, com esta coligação.
Por seu lado, o cofundador do FdI, Ignazio La Russa - eleito na quinta-feira para a presidência do Senado italiano -, também mencionou que o dia de hoje como "uma das páginas mais sombrias" da história italiana.
Personalidade controversa, colecionador de relíquias fascistas, La Russa expressou "à comunidade judaica, hoje como sempre, o [seu] mais sincero apoio".
O novo Senado italiano foi apresentado na quinta-feira passada e uma sobrevivente do Holocausto, Liliana Segre, de 92 anos, foi quem presidiu ea sta primeira sessão.
Liliana Segre sublinhou depois "o valor simbólico" da sua presença, "neste mês de outubro que assinala o centenário da Marcha sobre Roma que marcou o início da ditadura fascista".