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Milhares de pessoas nas ruas de Budapeste contra intimidação estatal aos professores

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Milhares de pessoas saíram hoje às ruas em Budapeste para protestar contra a intimidação aos professores que são ameaçados de despedimento por ações nas quais exigem melhores condições de trabalho.

Convocadas por um grupo de estudantes, cerca de 5.000 pessoas reuniram-se na praça central Los Héroes, de onde partiram numa marcha que atravessou o centro da capital magiar até chegar ao ministério do Interior, o ministério responsável pela Educação.

"Quando o poder intimida, o poder tem medo", garantiram os organizadores na convocatória, referindo-se às ameaças de demissão que dezenas de professores receberam após participarem em ações de desobediência civil para protestar contra a sua situação.

Com um salário inicial de pouco mais de 420 euros por mês, os professores húngaros estão entre os que menos ganham nos países da União Europeia (UE) e da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O governo do primeiro-ministro húngaro, o ultranacionalista Viktor Orbán, prometeu-lhes aumentos salariais, mas apenas se conseguir chegar a um acordo com a Comissão Europeia para desbloquear os fundos comunitários congelados devido às contínuas violações de Budapeste das normas do Estado de direito.

"Esta é apenas uma promessa como todas as promessas do governo. Por enquanto não é nada mais e acho que eles também não vão cumprir", disse Piroska, uma jovem de 17 anos presente na manifestação à agência de notícias espanhola EFE.

A amiga Zsófia também lembrou que "não se trata apenas de salários: temos que reformar todo o ensino e dar mais autonomia às escolas".

Os professores pedem há meses, por meio de atos de desobediência civil, não apenas aumentos salariais, mas também a redução de carga horária e maior autonomia.

Além disso, protestam contra as significativas limitações ao direito de greve introduzidas este ano, que obrigam os funcionários da escola a cumprir uma série de "serviços mínimos".

Desde que chegou ao poder em 2010, o governo Orbán centralizou cada vez mais a educação, que não tem um ministério próprio.

Entre outros, criou os "centros distritais escolares", dirigidos por pessoas nomeadas diretamente pelo Executivo, que são os que agora ameaçam de demissão aqueles que protestam.

Há duas semanas, um desses centros executou a ameaça e demitiu cinco professores de uma escola, o que provocou grande consternação na opinião pública.