"O futuro da frota do peixe-espada-preto está em risco”
Presidente da Coopesca defende urgente renovação da frota onde impera a falta de condições dignas
“O futuro da frota do peixe-espada-preto está em risco se nada for feito”. O aviso é do presidente da Coopesca. A conclusão de Jacinto Silva foi hoje manifestada no Seminário do Mar e Controlo das Pescas, realizada realizado no Museu da Baleia, no Caniçal, na presença do secretário regional do Mar e Pescas, Teófilo Cunha, e da secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho.
A envelhecida frota de espadeiros de Câmara de Lobos foi um dos temas destacados pelo dirigente. Em causa uma frota de 23 embarcações com várias décadas, onde trabalham cerca de 240 pescadores, ou seja, um terço da classe piscatória na Região.
Jacinto Silva denunciou a falta de condições básicas a bordo dos espadeiros. “As condições das embarcações não são nada dignas. São barcos obsoletos, velhos, sem casa de banho nem refeitório”, disse, para descrever “as difíceis condições de trabalho” a bordo das companhas que “passam em média dez dias em alto mar”, lembrou.
Argumentos para concluir que “precisamos urgentemente de renovar a frota”. Caso contrário, “estamos a caminhar em passos largos para a redução” de espadeiros e eventual extinção desta arte de pesca.
O próprio testemunhou que a evolução a bordo dos espadeiros nos últimos 40 anos “foi quase nula”. Daí a imperiosa necessidade da frota ser “urgentemente” renovada de modo a garantir as mínimas condições aos pescadores. Processo só possível com a renovação da frota, “porque os barcos não esticam” e as condições dos actuais espadeiros não permitem intervenções para garantir o mínimo aceitável.
Perante a falta de apoio da República e da União Europeia, Jacinto Silva só vêm uma possibilidade de ainda salvar a pesca do peixe-espada-preto. Ser o Orçamento Regional a assumir esse encargo.
Teófilo Cunha admitiu essa possibilidade, dando a entender que o próximo Orçamento já contemplará verba para começar a renovar a frota. Mas avisa que ainda assim a Região está sempre dependente da autorização de Bruxelas.