Governo destaca "posição de firmeza" da NATO face a ameaças nucleares
O Governo destacou hoje a "posição de firmeza" no seio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) face às ameaças nucleares russas, defendendo a proteção de infraestruturas críticas, como linhas de comunicação marítima e de fornecimento de energia.
"É evidente que há uma posição que é de firmeza, não pode ser outra. A ameaça nuclear é uma ameaça para levar a sério e do lado da NATO há, evidentemente, a perspetiva de que temos de reforçar justamente a nossa postura defensiva e dissuasiva para lidar com essa ameaça", declarou a ministra da Defesa, Helena Carreiras.
Falando à imprensa portuguesa em Bruxelas no final de uma reunião dos ministros da Defesa da NATO, a governante apontou que esta é "uma preocupação de todos os Aliados a de, sobretudo, assentar e centrar o seu esforço no reforço da proteção, porque, de facto, é a dissuasão e o reforço de dissuasão que vai ajudar a lidar com a ameaça nuclear".
Os ministros da Defesa da NATO reuniram-se quinta-feira e hoje em Bruxelas para reforçar o apoio à Ucrânia devido às ameaças russas, debatendo ainda a salvaguarda de infraestruturas críticas como gasodutos europeus.
Nas declarações à imprensa, Helena Carreiras defendeu a "defesa e a proteção das infraestruturas críticas", nomeadamente "linhas de comunicação marítima e linhas de fornecimento de energia, infraestruturas que têm de ser protegidas e defendidas das ameaças, agora, muito em particular identificadas como vindas da Rússia, mas não apenas".
Em Portugal, segundo a governante, "há um conjunto muito alargado de infraestruturas críticas, que não têm a ver necessariamente com a defesa", razão pela qual o executivo pretende reforçar a sua vigilância e monitorização.
"Preocupa-nos, do ponto de vista da defesa, a intensificação da vigilância designadamente dos cabos submarinos, por exemplo, e de outras infraestruturas, mas é esse o trabalho que temos de aprofundar, o reforço daquilo que são os planos já existentes para vigiar e para melhor proteger essas infraestruturas [...] dos vários ramos das Forças Armadas", elencou Helena Carreiras.
Nos últimos dias, registaram-se, entre outras áreas visadas, ataques russos contra a zona da central nuclear de Zaporijia, no sul da Ucrânia, a maior da Europa, depois de Putin ter anunciado uma mobilização parcial de 300 mil reservistas russos.
Já esta segunda-feira, dezenas de pessoas morreram ou ficaram feridas em bombardeamentos provocados pelas forças russas em várias regiões ucranianas, nomeadamente na zona de Kiev.
Esta foi a primeira vez que a capital ucraniana foi bombardeada desde junho passado, após o início da guerra causada pela invasão russa em fevereiro deste ano.
Já questionada sobre uma eventual adesão ucraniana à Aliança Atlântica, Helena Carreiras considerou que não é o momento para discutir "essa possível decisão" mas de "ajudar a Ucrânia no terreno e de fazer esse apoio".
Ainda assim, "o que encontrei aqui foi uma grande coerência de posições no sentido de acolhimento da política de porta aberta da Aliança", concluiu a governante.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou a fuga de milhões de pessoas e a morte de milhares de civis, segundo as Nações Unidas, que classificam esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).