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Enfermeiros indignados com instruções da ARS Centro

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A Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) informou os enfermeiros que trabalham nos cuidados de saúde primários que a avaliação do biénio 2019-2020 vai ser feita por ponderação curricular. A decisão está a gerar revolta entre os enfermeiros, tendo em conta que a mesma não reflete o facto de 2020 ter sido ano de pandemia.

Os enfermeiros não entendem como é que, nalguns locais do país, o esforço excecional feito em 2020 é reconhecido e noutros não. Invocam, nomeadamente, os casos da Madeira, onde os enfermeiros vão receber 4 pontos no biénio 2019-2020 (dois pontos por ano), ou nos Açores, onde um acordo histórico permite que os enfermeiros com contratos individuais de trabalho arrecadem 1,5 pontos por ano, desde 2007.

Mesmo no continente, o conselho de administração do Hospital de São João, então liderado por Fernando Araújo - entretanto nomeado diretor executivo do SNS -, decidiu atribuir 3 pontos aos enfermeiros na avaliação do biénio 2019-2020 (1,5 pontos por ano).

O Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) visitou recentemente os centros de saúde de Arganil, Góis e Oliveira do Hospital, onde ouviu palavras de desagrado dos profissionais. “Ninguém compreende que, num país tão pequeno, perante uma pandemia que a todos afetou com igual intensidade, haja enfermeiros de primeira e de segunda, colegas que são melhor recompensados do que outros, perante um mesmo flagelo”, critica Nuno Couceiro, coordenador regional do Centro do Sindepor.

“Como presidente do conselho de administração do Hospital de São João, no Porto, Fernando Araújo optou, e bem, por atribuir três pontos aos enfermeiros, no biénio 2019-2020. Esperamos que, agora, na qualidade de diretor executivo do SNS, possa generalizar este pequeno reconhecimento face a um sacrifício tão grande por parte dos enfermeiros. Fica o desafio”, apela Nuno Couceiro, que critica ainda “o atraso registado na avaliação de 2019-2020, quando já se devia estar a concluir a de 2021-2022”. “É mais uma desconsideração para com os enfermeiros”, aponta.

Em entrevista concedida ontem à RTP3, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, reconheceu que há enfermeiros com “10, 12, 15 anos de experiência” a ganhar o mesmo ordenado de colegas que começam a trabalhar agora. O Sindepor salienta que os números são mais expressivos. O SNS está cheio de enfermeiros com 20 anos, ou mais, de carreira no primeiro escalão remuneratório. Ou seja, que recebem pouco mais de novecentos euros no fim de um mês de trabalho.

“Se o Governo deseja a subida do ordenado médio em Portugal, tendo em conta os progressos que vamos registando no ordenado mínimo, então pode começar por subir os vencimentos dos enfermeiros”, defende Nuno Couceiro, que ouviu uma enfermeira dizer que pondera nesta altura ir trabalhar para uma grande superfície, tendo em conta as evoluções registadas no ordenado mínimo.