Londres vai fornecer munições com capacidade para derrubar mísseis de cruzeiro
O Reino Unido vai fornecer à Ucrânia mísseis antiaéreos adicionais, incluindo pela primeira vez munições capazes de derrubar mísseis de cruzeiro, divulgou hoje o Ministério da Defesa britânico.
Os mísseis AMRAAM serão fornecidos "nas próximas semanas" a Kiev para uso pelo sistema de defesa aérea NASAMS prometido pelos Estados Unidos, especificou a Defesa Britânica em comunicado.
Esta quarta-feira, os Estados Unidos e 50 países do grupo de contacto de apoio à Ucrânia pronunciaram-se pelo aumento da produção das suas indústrias da defesa para Kiev continuar a combater a invasão russa e garantir a respetiva segurança.
Tanto o encontro do grupo de contacto como a reunião dos ministros da Defesa da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte), que se iniciou na quarta-feira à noite com um jantar e continuará hoje, tinham previsto abordar a questão da reposição dos 'stocks' de armas e munições que os países estão a esgotar.
Os Estados Unidos anunciaram há duas semanas que enviarão um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia, no valor de 1.100 milhões de dólares (1.130 milhões de euros), composto por armamento e equipamento militar que inclui 18 novos Sistemas de 'rockets' de Artilharia de Alta Mobilidade (HIMARS, na sigla em inglês), bem como centenas de veículos blindados, radares e baterias anti-'drone'.
Os norte-americanos prometeram também sistemas de mísseis terra-ar da NASAMS: dois para entrega nas próximas semanas ou meses e outros seis como parte da ajuda de longo prazo.
A ministra da Defesa alemã, Christine Lambrecht, disse, à entrada para a reunião, que está em contacto com a indústria do seu país para tentar acelerar o fabrico de armamento e, nesse sentido, congratulou-se com o facto de Berlim ter podido entregar na quarta-feira o primeiro dos quatro sistemas de defesa antiaérea Iris-T a Kiev, em vez de em novembro, como estava inicialmente previsto.
De acordo com o Presidente, Emmanuel Macron, a França irá entregar "radares, sistemas de mísseis " de defesa antiaérea à Ucrânia para proteger os ucranianos de ataques e "em particular para protege-los de ataques de drones".
Segundo explicou o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas norte-americano, Mark Milley, na mesma conferência de imprensa, os sistemas de defesa antimísseis que serão entregues à Ucrânia não permitirão "controlar todo o espaço aéreo, mas foram projetados para controlar alvos prioritários" de Kiev.
Fontes aliadas salientaram que, no ataque russo com mísseis a diferentes cidades ucranianas na segunda-feira, mais de metade deles foi intercetada pela defesa ucraniana.
Kiev tinha pedido aos seus aliados que ajudem a fortalecer a sua defesa antiaérea, após dois dias de intenso bombardeio russo em todo o território, mas principalmente na capital, que causou dezenas de baixas civis e destruiu infraestruturas.
O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu a criação de um "escudo" antiaéreo sobre a Ucrânia.
Este grupo de contacto, uma iniciativa dos Estados Unidos, teve o seu primeiro encontro em abril passado na base aérea norte-americana de Ramstein, no sudoeste da Alemanha.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,6 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 231.º dia, 6.221 civis mortos e 9.371 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.