Estados Unidos anunciam novas medidas para controlar imigração venezuelana
Os Estados Unidos anunciaram um novo programa para a imigração venezuelana, o qual confere estatuto legal, por dois anos, a quem chega de avião, enquanto a maioria dos que atravessam a fronteira com o México é imediatamente expulso.
O Departamento de Segurança Interna norte-americano deu a conhecer, na quarta-feira, a criação de um novo auxílio à imigração para venezuelanos, semelhante ao já existente para cidadãos da Ucrânia e que concede um estatuto temporário por dois anos ao quem tiver um patrocinador nos EUA.
Simultaneamente, aquele departamento vai expulsar para o México a maioria dos venezuelanos que forem intercetados depois de atravessarem a fronteira sul, ao abrigo de um regulamento de saúde pública imposto no início da pandemia da covid-19 pela administração do ex-Presidente Donald Trump (2017-2021).
"Aqueles que tentarem atravessar ilegalmente a fronteira sul dos EUA serão devolvidos ao México e não poderão candidatar-se a este programa no futuro", disse o secretário da Segurança Interna norte-americano, Alejandro Mayorkas, numa declaração.
As medidas destinam-se a "reduzir o número de pessoas que chegam à fronteira" de forma irregular e a criar um processo de imigração "mais ordenado" para os venezuelanos que fogem da "crise humanitária e económica do seu país", disse um funcionário do governo dos EUA, citado pela agência de notícias EFE.
Ao abrigo deste programa de imigração, que exclui os deportados dos EUA nos últimos cinco anos ou pessoas que tenham entrado irregularmente no Panamá ou no México, a administração norte-americana vai aceitar inicialmente 24 mil pessoas, acrescentou.
Também não serão aceites pessoas com residência permanente ou nacionalidade de um país que não seja a Venezuela.
Para se candidatarem ao programa, os venezuelanos interessados devem demonstrar que têm um patrocinador, com estatuto de imigrante legal nos EUA e recursos financeiros para o período de tempo de residência nos Estados Unidos.
Além disso, os beneficiários devem passar uma avaliação de "segurança nacional e segurança pública", indicou, numa declaração, o Departamento de Segurança Interna norte-americano.
O anúncio dos EUA surgiu quando as chegadas de imigrantes venezuelanos à fronteira com o México estão a aumentar.
Entre outubro de 2021 e agosto, mais de 150 mil venezuelanos foram detidos na fronteira sul dos EUA, contra 50.499 em igual período do ano passado.
Só em agosto, cerca de 25 mil venezuelanos foram intercetados pelas autoridades norte-americanas na fronteira, de acordo com os dados das Alfândegas e Proteção de Fronteiras dos EUA.
Ao contrário do programa para venezuelanos, os EUA não fixaram um número máximo de ucranianos que podem receber ajudas à imigração. Desde abril, cerca de 65 mil pessoas já recorreram a esta legislação, de acordo com os últimos dados disponíveis.
Mais de 6,1 milhões de venezuelanos deixaram o país, naquela que é a segunda maior crise migratória do mundo, depois da Síria, segundo a organização não-governamental de apoio aos refugiados e deslocados Refugees International.