A propósito do novo terminal logístico
O aumento da capacidade de transporte de carga marítimo não só é naturalmente desejado como tem um impacto muito expressivo em toda a economia
Foi inaugurado na Ilha de S. Miguel um novo investimento no setor dos transportes marítimos de carga. Trata-se dum terminal logístico da empresa Logislink integrada num conhecido e relevante agrupamento empresarial madeirense com o nome do seu fundador, Grupo Sousa.
Simultaneamente, o mesmo investidor, tão conhecido quanto economicamente relevante - que há uns anos opera na rota Açores – Madeira – Lisboa, como também nas rotas de Portugal, Cabo Verde, o que o qualifica necessariamente como um operador das ilhas do Atlântico Norte, anunciou para breve a operação nas suas rotas dum novo navio para o transporte de contentores com capacidade para 1577 TEUS (Unidade Equivalente de Transporte Contentorizado) o que constitui um reforço significativo de capacidade de transporte marítimo nas rotas em que opera.
No caso dos Açores o aumento da capacidade de transporte de carga marítimo não só é naturalmente desejado como tem um impacto muito expressivo em toda a economia insular com o contributo positivo que aporta a duas das condições básicas do serviço de transporte prestado: capacidade e frequência. Recordo ainda o tempo dos navios 499 e dos um pouco maiores com capacidade para menos de 100 TEUS. Só a partir do inícios dos anos 90 do século passado surgiram os primeiros navios de 300 TEUS, muito saudados, também por mim próprio.
O recente investimento que também é uma unidade importante para o “parque em que se situa” e que não acontece com frequência nestas ilhas obviamente gera novos empregos – cerca de 4 dezenas - de desempenho qualificado, o que para as famílias açorianas e eficiência empresarial global é com certeza bem vindo.
Relevo porquanto leio na imprensa que a plataforma de logística para além de comportar valências muito importantes para as exportações/importações regionais usa tecnologia muito recente e totalmente informatizada, o que garante segurança, velocidade, eficiência e representa um passo mais no caminho para o “digital”, muito ao gosto dos programas da União Europeia. Benefício deste novo investimento que se fará sentir também na estabilidade e fluidez da interação entre as cadeias de abastecimento.
Para além, de todos os contributos positivos aportados pelo investimento a que se refere o presente trabalho, há um outro pouco sublinhado, mas de uma enorme importância: a cooperação entre as Regiões Autónomas não tem nem deve confinar-se na área política, nos vetores da defesa e do desenvolvimento da autonomia (Revisão Constitucional, Estatuto Político-Administrativo, Lei das Finanças Regionais) de interesses regionais comuns como o das comunicações, da mobilidade, da exploração do mar que corresponde ao seu território, da participação em organizações internacionais… deve, com enorme vantagem, abranger a cooperação, sempre que possível e apropriada, precisamente como agora, na área do investimento económico privado.
Desta feita, trata-se do sector dos transportes marítimos que não exclui a outra componente igualmente fundamental: o transporte aéreo quer de passageiros quer de carga. É uma área de cooperação que já tem sido considerada, mas estou convencido que nunca com a profundidade devida e por quem por este domínio se deveria interessar, os privados operadores e fornecedores de equipamento. Existe mercado nacional e internacional natural e específico de cada região com amplitude suficiente para sustentar uma interação económica e uma operação aérea combinada. Este é o momento certo.
A outra área é da agricultura, em sentido amplo. Neste setor de atividade, existe produção específica e complementar, com mercado regional, nacional e internacional, como boas condições de interação no plano do investimento e da oferta que conjugada ou combinada poderão justificar um projeto de investimento muito interessante e moderno.
Em ambos os domínios referidos é possível arquitetar e desenhar planos de negócios, financiáveis, porque revelarão produção, mercado e sustentabilidade.