PS solidário com Marcelo após "apreciações negativas" de declarações sobre abusos sexuais na igreja
O PS solidarizou-se hoje com o Presidente da República pelas "apreciações negativas" das suas declarações sobre os abusos sexuais na Igreja Católica, considerando que nunca poderia ser atribuída a Marcelo Rebelo de Sousa qualquer intenção de desvalorizar estes crimes.
"Não nos passaria pela cabeça, nem alguma vez isso podia ser atribuído ao senhor Presidente da República, qualquer intenção da sua parte de desvalorizar a gravidade dos crimes que estiveram em causa, de minimizar o esforço que está a ser feito para a sua investigação e identificação", disse aos jornalistas o presidente do PS, Carlos César, à saída da audiência com Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém.
Na opinião do dirigente socialista, o Presidente da República demonstrou por diversas vezes "o interesse de todas as instituições - e em particular da Presidência da República - de que matérias desta natureza sejam aprofundadas e que resultem na consequente punição para o maior número possível de prevaricadores".
"Transmitimos também ao senhor Presidente da República a nossa solidariedade face ao conjunto de apreciações negativas que têm sido feitas sobre a posição que expressou sobre a questão dos abusos sexuais no âmbito da igreja católica", enfatizou.
Para o PS, segundo Carlos César, "não subsistem dúvidas sobre a posição que o senhor Presidente da República sempre teve e continuará certamente a ter, independentemente das interpretações que fazem do que ele disse ou da forma como o disse".
Já hoje o primeiro-ministro, António Costa, manifestou a sua solidariedade para com o Presidente da República, no que considerou uma interpretação inaceitável das palavras de Marcelo Rebelo de Sousa sobre abusos sexuais na Igreja.
"Quero expressar a minha total solidariedade com o Presidente da República, mais concretamente, com o professor Marcelo Rebelo de Sousa, pela interpretação inaceitável que tem sido feita das suas palavras. Eu conheço-o, todos nós conhecemos bem o Presidente da República, portanto, todos sabemos que para uma pessoa como o professor Marcelo Rebelo de Sousa, um caso que fosse, só um caso de abuso sexual sobre crianças, seria absolutamente intolerável, como é para o conjunto da sociedade", afirmou António Costa.
Na terça-feira, questionado sobre o balanço de 424 testemunhos de abusos sexuais contra crianças na Igreja Católica em Portugal, o Presidente da República afirmou não estar surpreendido, lembrando que "não há limite de tempo para estas queixas" que têm estado a ser recolhidas, algumas relativas "há 60 ou há 70 ou há 80 anos".
"Significa que estamos perante um universo de pessoas que se relacionou com a Igreja Católica de milhões ou muitas centenas de milhares", prosseguiu Marcelo Rebelo de Sousa, concluindo: "Haver 400 casos não me parece que seja particularmente elevado, porque noutros países e com horizontes mais pequenos houve milhares de casos".
Face às críticas que estas declarações suscitaram, o chefe de Estado divulgou uma nota na qual afirma que "este número não parece particularmente elevado face à provável triste realidade, quer em Portugal, quer pelo mundo", admitindo que "terá havido também números muito superiores em Portugal".
Depois, o Presidente da República falou para a RTP e para a SIC a reforçar a mesma mensagem, reiterando que 424 queixas lhe parece um número "curto", declarando que aceita democraticamente as críticas que recebeu, mas não as compreende.