UE chega a acordo para sancionar Teerão por morte de Mahsa Amini
Os Estados-membros da União Europeia (UE) alcançaram hoje um acordo político sobre a imposição de novas sanções ao Irão pelo "assassínio" de Mahsa Amini e pela repressão de manifestações contra a sua detenção e morte.
As sanções, acordadas pelos embaixadores dos 27 nas instituições europeias, serão formalmente adotadas na próxima segunda-feira pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE durante a sua reunião no Luxemburgo, indicaram várias fontes comunitárias, sem fornecer mais pormenores sobre quantas pessoas e entidades serão incluídas na lista.
Entretanto, prosseguiram hoje no Irão as manifestações contra a morte de Mahsa Amini, detida a 13 de setembro pela polícia de costumes, que tem por função zelar pelo estrito cumprimento dos códigos de indumentária, o que, aparentemente, não acontecia com a jovem de 22 anos, cujo 'hijab' (véu islâmico) deixava exposto um pouco do seu cabelo.
Por essa razão foi violentamente espancada e detida por aquela entidade da República Islâmica, e depois transportada em coma para um hospital, onde morreria três dias depois.
Hoje, em mais um dia de protestos de rua no Irão, fortemente reprimidos e que fizeram, em menos de um mês, mais de 100 mortos, entre os quais crianças, segundo organizações não-governamentais (ONG), as forças de segurança dispararam balas reais e granadas de gás lacrimogéneo sobre os manifestantes.
A morte da jovem curda iraniana desencadeou uma onda de manifestações no país e protestos de solidariedade no estrangeiro, mais ainda depois de as autoridades terem declarado que Mahsa Amini morreu de "doença" e não por violência infligida pela polícia da moral, versão corroborada por um relatório médico rejeitado pelo seu pai e também pelo primo, que afirmou que ela morrera devido a "uma violenta pancada na cabeça".
Em sinal de desafio, jovens estudantes têm retirado os respetivos véus e enfrentado as forças de segurança, desde o início do movimento de contestação, o maior desde o de 2019, contra o aumento do preço dos combustíveis.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou hoje que "está na altura de sancionar os responsáveis por esta repressão".
"As corajosas mulheres iranianas exigem liberdade e igualdade, valores nos quais a Europa acredita e em prol dos quais deve pronunciar-se", sustentou Von Der Leyen durante uma intervenção na convenção anual dos embaixadores da UE.
A dirigente do executivo comunitário acrescentou que "a violência deve parar, as mulheres devem poder escolher" e defendeu que "esta violência atroz não pode ficar sem resposta".
Os 27 Estados-membros seguirão assim as posições de outros países ocidentais, como os Estados Unidos, o Reino Unido e o Canadá.
No passado dia 04 de outubro, num debate no plenário do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França, o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, anunciara que os ministros dos Negócios Estrangeiros comunitários iriam, na sua próxima reunião, tomar decisões sobre novas "medidas restritivas contra o Irão pelo assassínio de Amini".
"Continuaremos a considerar todas as opções à nossa disposição, incluindo as medidas restritivas, para reagir ao assassínio de Mahsa Amini e à forma como as forças de segurança lidaram com as manifestações", disse então Borrell.
Um dia após a sua intervenção, o Irão advertiu a UE de que responderá a quaisquer medidas "precipitadas" e "pouco pensadas".