Parlamento iraquiano elege quinta-feira novo Presidente da República
O parlamento iraquiano vai eleger na quinta-feira, numa sessão especial, o novo Presidente da República do Iraque, após vários meses de paralisia política no país, indicou ontem um comunicado da assembleia em Bagdade.
"O presidente do parlamento [iraquiano] Mohamed al-Halboussi anuncia que quinta-feira, 13 de outubro, haverá uma sessão com um único ponto na ordem do dia, a eleição do Presidente da República", lê-se no comunicado, numa altura em que o Iraque se encontra num impasse político total, mais de um ano após as últimas eleições legislativas.
O anúncio ocorre num cenário de total paralisia política, uma vez que, um ano após as últimas eleições legislativas (realizadas em 10 de outubro de 2021), os chamados "barões" da política iraquiana ainda não conseguiram chegar a um consenso quanto à eleição de um novo chefe de Estado, nem tão pouco à nomeação de um primeiro-ministro, apesar das intermináveis negociações.
No Iraque, o cargo de Presidente da República, altamente honorário, é tradicionalmente reservado a um curdo. Mas há vários meses que os dois partidos históricos da comunidade disputam a Presidência e essas dissensões ainda não foram resolvidas até hoje.
O cargo vai tradicionalmente para a União Patriótica do Curdistão (PUK), enquanto o Partido Democrático do Curdistão (KDP) mantém o controlo sobre os assuntos do Curdistão autónomo, no norte do Iraque.
No entanto, agora, o PUK também exige a Presidência em Bagdade, tendo avançado com o seu próprio candidato à votação de quinta-feira, em que são dois os principais candidatos: o Presidente cessante, Barham Saleh, do PUK, e Rebar Ahmed, o atual ministro do Interior da Região Autónoma do Curdistão, que representa o KDP.
Uma vez eleito pelos deputados, o novo Presidente deve então designar um primeiro-ministro, escolhido pela maior coligação no parlamento.
O cenário de impasse político no país também é marcado pelas tensões dentro da comunidade muçulmana xiita, maioritária no Iraque, nomeadamente na disputa do cargo de primeiro-ministro.
Nos últimos meses, agravaram-se os confrontos entre os dois grandes polos políticos xiitas do país.
Por um lado, o influente clérigo xiita Moqtada al-Sadr, que anunciou em agosto passado a sua "retirada definitiva" da cena política no Iraque, pede a dissolução do parlamento e eleições legislativas antecipadas, recusando-se a formar qualquer novo governo sem essas condições.
Do outro lado, o Quadro de Coordenação, uma aliança de fações xiitas pró-Irão, incluindo os ex-paramilitares de Hachd al-Chaabi, quer um novo governo antes de qualquer votação.