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Os carros da TAP

Devia estar a falar de aviões, mas não é o caso. O negócio que a TAP pretendia fazer com a compra de 79 (e não 50) BMW, topo de gama, no valor de alguns milhões de euros, para distribuir por administradores e directores era absolutamente imoral. Mas a verdade é que foi mesmo concretizado e alguns dos automóveis já terão sido entregues. Vão ter de ser devolvidos. Com uma indemnização avultada. Se é que podem voltar atrás.

Este acto de gestão negligente torna-se indecoroso por várias razões. Desde logo, os tempos em que vivemos. Com inflação desgovernada e recessão à porta. E grande parte dos portugueses a sofrer as consequências da subida acentuada do custo de vida. É intolerável o sofrimento para uns e a ostentação para outros. Sobretudo quando o aparato do luxo é suportado pelos contribuintes.

Outra, reside no facto da TAP tratar os seus clientes passageiros da pior maneira possível. E pratica preços, na rota com as ilhas, verdadeiramente escandalosos. Numa usurpação de apoios encapotada, ignorada por parte do Estado, ao arrepio das orientações da União Europeia.

Por fim, a sensação de que esta empresa, com grande probabilidade, seria substituível para a maioria dos cidadãos. Fechava e abria outra. Com menos administradores, sobretudo aquela carrada de não-executivos políticos a quem o partido do poder agradece serviços prestados e não fazem nenhum.

Na actual conjuntura, persistir no capricho insensato e imoral seria afronta indesculpável. Mas o eventual recuo forçado pela opinião pública não deve branquear a intenção real duma administração sobranceira e insensível. Vão tornar a andar de Peugeot. Por mim, compravam passe.