Honremos a pessoa sénior como património da vida
O dia 1 de outubro é o dia em que decidiram dedicar às Pessoas mais velhas. Ontem, em todo o mundo, chamado de civilizado, ouvimos, lemos e vimos muita coisa dedicada a quem teve o privilégio de viver bastante tempo, honrando a vida que lhe foi atribuída neste Planeta chamado de Terra.
Em anos anteriores, já abordei este tema olhando-o de várias vertentes e apresentei muitas propostas e ideias para melhorar a vida das pessoas que necessitam de ajuda e cuidados especiais, devido à sua fragilidade e problemas de saúde. Quero deixar aqui um louvor muito especial a todas/os os/as cuidadores/as informais que chegam a abdicar da sua vida para cuidar dos seus entes queridos com dedicação e amor. Bem hajam. Que a sociedade e os poderes políticos saibam valorizar cada vez mais o seu trabalho, renumerando-o condignamente.
Hoje, especificamente, quero falar das outras Pessoas, mais velhas, mas que continuam a se sentir bem. Gostam de estar ativas, de participar, de fazer coisas e, sobretudo, sentem-se vivas com plenos direitos, como qualquer ser humano, tenha a idade que tiver. O direito de opinião, de amar e ser amado, de viajar, de escrever, de se divertir, de usar os cabelos como quiser, que não têm que ser brancos e curtos como dizem condizer com a idade. De se vestir como gostam e dizer não às críticas, como a que deviam ter juízo e ficar em casa a cuidar dos netos. E, sobretudo, o direito a sentir-se útil, rejeitando os preconceitos que dizem que esta ou aquela pessoa já devia ter vergonha na cara e ficar em casa, para não encher as camionetas e as esplanadas dos cafés, que deviam ficar reservadas a quem trabalha.
Algumas pessoas até chegam a dizer que os velhos estão a tirar o lugar aos que trabalham nos bancos da cidade. Há outras que dizem ter vergonha de passar em determinada rua porque já sabem que lá estão só” velhos”, como se isso fosse sinal de uma paisagem triste que não devia existir. Eu, como já estou na idade Sénior, e adoro uma boa conversa, de esplanada ou café, que também ando de transporte público nas horas que bem me apetecer, sinto o peso de tudo isto, mas nunca desisto de reivindicar os meus direitos, cujo mais difícil é fazer com que, numa camioneta, alguém, muito mais novo, que às vezes até vai sair na paragem a seguir, ceda o seu lugar sentado, porque tenho dificuldades em me segurar de pé, por estar lesionada.
Há Pessoas que, só pelo facto de terem mais idade, foram colocadas de lado em muitas instituições da sociedade, mesmo que ainda tenham muito para dar e contribuir em várias áreas, com a experiência que a vida lhes proporcionou. As suas opiniões são mal vistas, mesmo que inovadoras, e sempre encaradas como saudosistas porque o que vem de quem é novo, é que é bom, e assim delapida-se um património que devia ser honrado por todos. Existem sociedades, a maioria fora do mundo Ocidental, que dão muito valor à sabedoria acumulada pelas Pessoas mais velhas e essas são vistas como grandes conselheiras dessas sociedades. Não creio no culto do “quem é velho é que sabe”, mas creio que as sociedades têm muito a ganhar e soubessem aproveitar muito mais as experiências das Pessoas Séniores, conjugadas com a juventude e a inovação. E isto em todos os sentidos e não apenas o de ensinar a jogar cartas, bordar ou fazer croché que, com todo o respeito, eu dispenso neste meu artigo.