Madeira marca presença em feira de negócios cabo-verdiana ligada ao mar
Dezenas de empresas cabo-verdianas e estrangeiras estão há três dias à procura de negócios e novos contactos na retoma da feira Expomar, em São Vicente, centrados na aposta e procura de novas oportunidades na economia marítima do arquipélago. A Madeira também marca presença no certame.
O presidente da Câmara de Comércio do Barlavento, Jorge Maurício, garante que esta feira representou uma boa oportunidade para os empresários do Norte do arquipélago, por ser temática e "das mais importantes em Cabo Verde".
"Uma feira com uma tradição, uma feira internacional, que recebe visitantes, expositores de várias paragens da Espanha, da região da Galiza onde temos várias cooperações e muito comércio. Muita ligação e trocas comerciais, com a Madeira, com os Açores, com as Canárias, com quem temos também laços e protocolos em vários domínios, nomeadamente do turismo de cruzeiros, da náutica de cruzeiros, do ponto de vista da região da Macaronésia e isso permite aos nossos empresários locais também divulgarem os seus serviços, produtos, a rede de economia e proporcionar negócios", sublinha Jorge Maurício.
Anderton Ramos que trabalha com aves, roedores e animais aquáticos, está na Expomar, que decorre na cidade do Mindelo desde 29 de outubro, com a sua empresa Aquapet, à procura de fazer contactos nacionais e internacionais, depois do período conturbado criado pela pandemia.
"Estamos no mercado desde 2018 e destes cinco anos quase três foram de pandemia, praticamente, o que foi bastante complicado, de bastante resiliência. Queremos levar da feira contactos com parceiros e possíveis fornecedores e clientes", explica o jovem empreendedor.
Durante a pandemia, em vez de importar peixes, decidiu produzir localmente para garantir o sustento desta firma, contrariando os problemas de importação que encontrava pelo caminho.
"Os voos estavam condicionados e peixes, por serem cargas aéreas, não fizemos nenhuma importação durante este período. As aves somos nós que produzimos também e recentemente começamos a importar tartarugas de água doce", acrescenta Anderton Ramos.
Da Argentina, descendente de cabo-verdianos e a viver naquele país da sul-americano há mais de 20 anos, Rosana Lima resolveu levar à feira produtos cosméticos, com a marca Mamdyara, que normalmente não são relacionados com a economia azul: "As pessoas muitas vezes não associam a grande importância que pode ter um cosmético para a contaminação ambiental, pois normalmente os cosméticos possuem ingredientes que são poluentes dos mares. Então a nossa proposta é vender para, não só a comunidade, mas também para a hotelaria, para as empresas, para trabalhar com a ideia de proteger o ambiente usando produtos biodegradáveis".
Sem plástico, com embalagem reciclável, esta empresa, que aposta em matéria-prima local e óleos importados, encontrou na economia nacional um suporte, durante a pandemia, para se manter de pé.
"Usamos ingredientes como óleos que aumentaram muito no mercado mundial, mas tivemos que baixar os preços para nos adequarmos aos bolsos, porque é graças à comunidade local que estamos a trabalhar há quase vinte anos", garantiu Rosana Lima.
Em início de atividade está o Mindel Jet Ski, que encontrou na Expomar, feira que hoje chega ao fim, uma forma de se apresentar ao público cabo-verdiano e não só, mas principalmente com olhos no turismo. Américo da Luz explica que já contam com 20 motas de água em São Vicente, mas pretendem alargar os seus horizontes: "A nossa atividade tem sido mais fazendo volta à ilha de São Vicente e temos muitos projetos em carteira. Temos colegas que possuem jet ski também e que não querem só lazer, pretendem alugá-los para turistas".
A Expomar deste ano conta com a exposição de 48 empresas, num local criado para acolher um ambiente de negócio em que participam delegações da Espanha, de Portugal (incluindo da Madeira) e dos Estados Unidas da América, além das empresas cabo-verdianas, em maior número.
"Tentamos tudo, foi uma luta fazer esta feira, porque depois da pandemia as pessoas ficam com algumas dúvidas da realização da feira, as próprias empresas com muitas dificuldades financeiras", refere Angélica Fortes, administradora da Feira Internacional de Cabo Verde, organizadora do evento.
Com várias décadas de atividade no arquipélago, o grupo ETE é uma das representações portuguesas na feira dedicada ao mar.
"O grupo ETE tem uma presença em Cabo Verde já bastante antiga, de mais de trinta anos e há três anos assumimos a concessão de transportes da CV Interilhas. Portanto, tudo o que é relacionado com a economia azul, com a indústria do mar, é importante para nós", afirma o diretor da Agência Navex e representante do grupo ETE, Bruno Silva.
Este encara com boas perspetivas futuras a economia cabo-verdiana neste período pós-pandemia: "A economia de Cabo Verde está em recuperação, nas áreas do turismo, da economia azul e, portanto, esperamos levar daqui mais contactos, mais ligações de entidades publicas e privadas que nos permitam estar mais próximos dos diferentes atores para no final podermos prestar melhores serviços e fazer o nosso trabalho aqui em Cabo Verde".