Primeiro-ministro lembra "artista singular e surpreendente"
O primeiro-ministro, António Costa, manifestou hoje "enorme tristeza" pela morte da artista plástica madeirense Lourdes Castro, aos 91 anos, que recordou como uma "artista singular e surpreendente".
"Artista singular e surpreendente, Lourdes Castro sempre se guiou por uma liberdade jovial e pela busca de uma arte da vida. Em 2019, inaugurámos nos jardins de São Bento um painel de azulejos figurando uma das suas sombras projetadas. A sua morte deixa uma enorme tristeza", refere o primeiro-ministro, numa mensagem na sua conta da rede social Twitter.
A artista plástica Lourdes Castro, uma das fundadoras do grupo artístico e da revista "KWY", em França, morreu hoje, no Funchal, aos 91 anos, disse à agência Lusa fonte próxima da família.
A artista madeirense foi galardoada com a Medalha de Mérito Cultural em 2020 pelo "contributo incontestável" para a cultura portuguesa.
Lourdes Castro nasceu a 09 de dezembro de 1930, no Funchal, ilha da Madeira, uma paisagem natural que deixou aos 20 anos para estudar em Lisboa, mas onde regressaria a partir de 1983 para viver em permanência, criando ali o seu refúgio.
A natureza era uma das suas grandes paixões, e com ela viveu uma estreita ligação que se projetou e entrelaçou profundamente no seu trabalho, nomeadamente na série "O grande herbário de sombras" (1972).
Lourdes Castro iniciou estudos no Colégio Alemão, mas, aos 20 anos, partiu em direção a Lisboa onde frequentou o curso de pintura da Escola Superior de Belas Artes (ESBAL), terminado em 1956.
Iniciou o seu percurso expositivo com uma coletiva ao lado de José Escada, no Centro Nacional de Cultura, em Lisboa, em 1954.
Em 1958, foi-lhe atribuída uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, o que coincidiu e ajudou o início da revista, impressa à mão, em serigrafia, "KWY" (1958-1963), de título composto por três letras que não existiam, na época, no alfabeto português, em torno da qual se formou o grupo homónimo de artistas que incluía também Jan Voss, Christo Javacheff, Costa Pinheiro, Gonçalo Duarte, José Escada e João Vieira.
A sua obra foi celebrada por exposições de caráter antológico como "Lourdes de Castro e Manuel Zimbro: a Luz da Sombra", no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, em 2010, e na Fundação Calouste Gulbenkian, em 1992, intitulada "Além da Sombra".