Big Brother e populismo 'desviam' atenções do debate político
O debate 'aqueceu' e discutiu-se, numa fase seguinte, os cartazes dos partidos regionais às Eleições Legislativas de 30 de Janeiro
Ontem houve debate da semana na TSF-Madeira com Miguel Silva Gouveia e Pedro Coelho no painel de comentadores políticos. E foi precisamente sobre política que Leonel de Freitas guiou, num primeiro momento, o programa emitido à sexta-feira pela rádio de cariz informativo.
'Serão os debates eleitorais esclarecedores para a formação da opiniões pública?' foi a questão inicial lançada pelo moderador, sendo que o primeiro comentário partiu do presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos. Pedro Coelho visou os debates televisivos que se têm realizado a propósito das Eleições Legislativas e lamentou que o 'Big Brother' conquiste mais espectadores.
Estamos a assistir a alguns debates nas televisões nacionais. Uns mais paupérrimos do que outros (...) e aqui há dias um jornal escrevia que num determinado debate mais dois milhões de portugueses viram o Big Brother e, nesse mesmo momento, só 200 mil portugueses é que assistiam a um debate. Outros dois milhões viam Bruno de Carvalho e companhia (...) Se calhar a culpa é dos políticos, que não tornam a política mais atractiva. Os cidadãos estão um pouco desligados da política, mas não deviam de estar, porque trata-se do futuro do país, dos nossos filhos e dos nossos netos. Deveríamos ter alguma atenção, porque sabemos que as arruadas, as campanhas de porta a porta, as campanhas de rua, os grandes comícios não vão acontecer tendo em conta a pandemia que estamos a viver (...) Quando se vê que há uma maior afluência de público para assistirem ao Big Brother e não verem os debates pode ser preocupante para a democracia em Portugal. Pedro Coelho, presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos
Já o vereador sem pelouro da 'Coligação Confiança' na Câmara Municipal do Funchal, Miguel Silva Gouveia, preferiu preocupar-se com o populismo que reina nos debates que têm sido transmitidos.
Para o engenheiro, este populismo "está assente" em "quase todos os debates com maior pendor para alguns sectores da direita e extrema direita que pode colher alguma simpatia em quem se sente defraudado pelo sistema, em quem sente que é necessária uma rotura".
"A minha preocupação vai para que todos possam ver além do populismo, possam analisar os debates, possam perceber aquilo que está a ser discutido, mas mais do que perceber aquilo que está a ser proferido por alguns dos intervenientes possam perceber o que representa por trás", atirou Miguel Silva Gouveia.
Quando se pede para acabar com o IMI sem apresentar uma solução alternativa para o financiamento dos municípios acaba por ser afirmação que é inexequível. Não pode ser implementada. É populismo. É dizer aquilo que as pessoas querem ouvir sem apresentar soluções efectivas, porque não se pode simplesmente, por exemplo, dizer que queremos abolir o IMI – que representa 1,6 mil milhões de euros de receitas para os municípios – e depois não dar qualquer tipo de solução alternativa. Miguel Silva Gouveia, vereador sem pelouro na Câmara Municipal do Funchal
O debate 'aqueceu' e discutiu-se, numa fase seguinte, os cartazes dos partidos regionais às Eleições Legislativas de 30 de Janeiro. Nesse sentido, Pedro Coelho optou por mandar uma 'bicada' aos socialistas, que na sua óptica 'colaram-se' aos social-democratas.
“Em termos de comunicação e de imagem estou a ver mal e ainda bem que estou a ver mal, porque é para os lados do PS. Vi em Câmara de Lobos um ‘outdoor’ com seis candidatos do PS e depois, numa outra rotunda, vi o mesmo PS com um ‘outdoor’ do mesmo tamanho só com um candidato. Nessa linha, acho que o PS começa mal (...) Parece que se quer esconder alguma cara, se calhar a segunda cara", atirou o autarca, numa alusão a Miguel Iglésias, criticando os socialistas por, também, estarem “a plagiar um pouco aquela que é a imagem do PSD”.
Fizemos um cartaz com a bandeira [da Madeira] e o PS fez um cartaz com a bandeira… o nosso ‘slogan’ é ‘Madeira Primeiro’ e o ‘slogan’ do PS é ‘Sempre com a Madeira’ – que agente sabe que não é assim no caso do PS. Mas, agora, neste populismo agente pode assistir a tudo. Pedro Coelho, presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos
Entretanto, Miguel Silva Gouveia questionou Pedro Coelho se "a bandeira da Madeira é do PSD" ou se "o nome Madeira é só PSD?". O rosto da 'Confiança' questionou também "quantas caras tem o PSD" nos cartazes, tendo atirado que contou sete. "Porquê que tem sete se só são seis candidatos?", indagou de forma irónica.
Pedro Coelho respondeu. "E contaste bem. Tem os seis candidatos efectivos e tem também o presidente do Governo Regional e do partido. O André Ventura andou nos cartazes das autárquicas e não era candidato".
Miguel Silva Gouveia aproveitou a referência e não se deixou ficar. "É bom que se saiba que a referência para o PSD é André Ventura e o CHEGA”, atirou, tendo Pedro Coelho se retratado. “O Dr. Alberto João Jardim foi candidato e também estava nos cartazes. Miguel Albuquerque está nos cartazes e bem”, vincou o edil de Câmara de Lobos, respondendo à questão de Leonel de Freitas sobre a ausência de Rui Barreto, líder do CDS-PP. “Não podem estar todos. Tem de estar o líder do meu partido”.