ONU apela ao respeito pelos direitos humanos após repressão dos protestos no Cazaquistão
A ONU apelou hoje aos intervenientes da crise no Cazaquistão para respeitarem os direitos humanos e evitarem a violência, após o Presidente cazaque, Kasim-Yomart Tokayev, ter ordenado a "disparar a matar" contra manifestantes que qualificou de "bandidos armados".
"Em qualquer situação é claramente necessário respeitar os direitos humanos e as normas internacionais quando se restabelece a ordem pública", indicou o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, ao ser questionado sobre as declarações do chefe de Estado cazaque.
Dujarric reiterou que essa mensagem foi transmitida à alta-comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, assinalando que a força letal apenas pode ser utilizada em último recurso e em casos de perigo imediato de morte ou ferimento grave.
No discurso ao país, o Presidente do Cazaquistão disse hoje que deu ordem de "disparar a matar sem aviso prévio" contra os manifestantes, designado de "bandidos armados" e "terroristas", e após a morte de pelo menos 26 manifestantes, 18 membros das forças de segurança, centenas de feridos e milhares de pessoas de detidos.
O porta-voz da ONU voltou a apelar à contenção de todas as partes e ao fim da violência.
"As pessoas que se manifestam devem fazê-lo pacificamente. Matar agentes da polícia e outros é inaceitável, como também e matar manifestantes".
O Presidente cazaque Kasim-Yomart Tokayev acusou ainda hoje diversos 'media' e políticos estrangeiros de terem instigado os protestos, que se iniciaram no domingo após o anúncio de um aumento dos preços do gás liquefeito, um dos combustíveis mais utilizados nos transportes do país.
A Rússia enviou mais de 70 aviões militares e um número não determinado de soldados para o país vizinho, a pedido de Tokayev, que recorreu aos estatutos da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), uma aliança militar de seis ex-repúblicas soviéticas e impulsionada por Moscovo.