A gestão delirante
Na nova fase pandémica, a Madeira mostra-se sem vergonha da humilhação global
Boa noite!
Na nova fase pandémica, a Madeira mostra-se sem vergonha da humilhação global.
O secretário regional da Saúde desata a ameaçar quem não vacinou as crianças, o presidente do Governo dá-lhe suporte básico e depois ficamos todos a saber que alguns filhos desta boa gente ainda estão por vacinar!
O governo regional decreta que uma pessoa com a vacinação completa e com dose de reforço já administrada que tenha um contacto directo com um caso positivo de covid-19 não tem de cumprir isolamento profilático, mas quando o bicho lhe toca de perto refugia-se em casa, cancela a agenda ou finge que trabalha.
O director regional de Saúde resolve fazer uma confissão pública que aqui se junta - a exemplo do que já havia feito Pedro Ramos ao revelar que a França seguia a cartilha regional -,, delírio de Herberto Jesus que quase gerou um crash bolsista nas principais praças internacionais, ao garantir que o pioneirismo da Madeira na gestão da pandemia tem feito escola por esse mundo além. E quando se vai ver em que é que tamanha sapiência tem aplicação, no final de mais uma jornada medonha, a Madeira regista novo máximo diário - com 1.690 casos - , recorde que se repete no País e no Mundo.
Alguns secretários regionais estão infectados e fazem disso segredo de Estado como se a vulnerabilidade da dimensão humana das senhoras e dos senhores do poder fosse como que um sacrilégio.
Mas há mais. Se estiver errado corrijam-me. Mas aviso já que tenho testemunhas e provas.
O número de casos positivos nas escolas – agora às dezenas por dia - é bem superior aos que são relatados oficialmente e ninguém se importa.
Os alunos que estão com covid-19 em casa pedem para terem aulas à distância, mas algumas escolas assumem que não têm computadores suficientes para responder às necessidades actuais. Estamos há quase dois anos em desespero digital e ninguém se importa.
Na semana em que os casos dispararam, mesmo internamente, o hospital deixou de fazer teste PCR aos funcionários e ninguém se importa.
Em muitos serviços públicos não há equipas para desinfectar os postos de trabalho, nem tão pouco planos de contingência, nem capacidade de reacção perante situações adversas e ninguém se importa.
Há na Região espaços culturais ocupados com centros de vacinação e ninguém se importa.
Gente que não foi testada recebe notificação a dar conta de alegado resultado, logro que é caso de polícia, gerou espalhafato em conferência de imprensa mas, em rigor, ninguém se importa que o negócio continue rentável para uns e miserável para outros.
Neste ambiente anestesiante, muita malta sem escrúpulos ainda vai achar que a Madeira exemplar será a primeira região do mundo a usar fármacos contra a covid, a erradicar o maldito vírus e a promover visitas guiadas aos recuperados.