Surtos, isolamentos e altas problemáticas justificam suspensão de visitas nos hospitais

Júlio Nóbrega apela aos familiares das altas problemáticas que acolham estes doentes na sua casa, aliviando a pressão sobre os serviços

Alguns serviços mantêm as regras que já estavam em vigor. Foto Arquivo

O aumento de casos positivos na comunidade reflecte-se no internamentos de doentes infectados. Os números actualizados pelo director clínico, que se referem ao momento em que falava com a nossa reportagem, davam conta de 79 doentes internados em enfermaria e três na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Dr. Nélio Mendonça dedicada esta nova doença.

A suspensão das visitas nos hospitais públicos da Região, notícia avançada ao final da manhã pelo DIÁRIO, é uma consequência directa do aumento de casos de covid-19 a que temos assistido nos últimos dias.

Na explicação dada ao DIÁRIO e à TSF-Madeira, o director clínico do Serviço Regional de Saúde (SESARAM) refere que esta medida não é nova e resulta de “uma adequação ao plano de contingência do SESARAM já estipulado".

Júlio Nóbrega aponta o surgimento de alguns surtos no interior das unidades de saúde, afectando doentes e funcionários, como uma das razões que motivou à alteração que hoje entrou em vigor e que se prolonga por 10 dias.

Em concreto, estão em causa três surtos. Um deles é o do 2.º piso Hospital Dr. João de Almada, que reporta ao início do ano e que agora contabilizam já 16 doentes e 11 profissionais infectados, Juntam-se a este dois outros surtos no Hospital dos Marmeleiros, um no 2.º piso, com cinco doentes e um profissional, outro no 4.º piso, com dois doentes.

A suspensão das visitas não se aplica a alguns serviços ou unidades, como é o caso dos Cuidados Intensivos, Pediatria, Neonatologia, Unidades Neutropénicas (com doentes oncológicos, por exemplo), AVC's e Obstetrícia, bem como doentes em fases terminais. Nestes casos, como já vinha acontecendo, há um controlo mais apertado e aplicam-se regras específicas, que poderão ser esclarecidas junto dos diferentes serviços.

A identificação de casos no interior das unidades de saúde, sobretudo envolvendo profissionais, levou o SESARAM a implementar a estratégia dos 'serviços bolha', o que limita a capacidade de internamento em algumas áreas. Esta circunstância é agravada pelo facto de alguns profissionais de saúde estarem a cumprir isolamento profilático por contacto com casos positivos ou para assistência à família (nomeadamente filhos menores), diminuindo, ainda mais, a capacidade de resposta de vários serviços.

Estas circunstâncias levam Júlio Nóbrega a apelar aos familiares de doentes internados com alta clínica, as chamadas altas problemáticas, a acolher essas pessoas em casa, de modo a aliviar a pressão sobre as unidades de saúde e permitir uma melhor resposta aos doentes que realmente necessitam de acompanhamento.