Organizações ambientalistas acusam Governo de atentados contra áreas de conservação da natureza
Seis organizações de defesa do ambiente insurgiram-se hoje contra os "verdadeiros atentados" nos últimos meses contra as áreas de conservação da natureza e acusam o Governo de ser um dos autores.
"Nos últimos meses, o país tem assistido a verdadeiros atentados contra as áreas de conservação da natureza, protagonizados pelo Governo, autarquias e até pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas" (ICNF), dizem as organizações numa carta aberta ao ministro do Ambiente e Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes.
As organizações precisam que em causa está o aumento da pressão humana em áreas de proteção de ecossistemas e biodiversidade, solos e recursos hídricos.
As paisagens naturais são transformadas, exemplificam, "através da instalação de extensos passadiços ou de baloiços, sem a devida avaliação dos impactos ambientais associados".
As seis organizações admitem na carta que é urgente reaproximar as pessoas da natureza, mas acrescentam que as estruturas que apoiam essa aproximação não podem pôr em causa a proteção da biodiversidade e a integridade ecológica dos habitats.
E o ICNF "tem efetuado brutais operações de corte e trituração de arvoredo, com os argumentos de prevenção de fogos e de controlo de espécies exóticas invasoras", usando, diz-se na carta, maquinaria pesada em solos sensíveis, incluindo habitats como dunas e zonas húmidas, que "potenciam as emissões de dióxido de carbono, comprometem os solos e os recursos hídricos, destroem fauna e flora autóctone e acentuam o risco de incêndio".
O que se tem passado na Mata Nacional do Medos, Reserva Botânica que integra a Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, "é elucidativo da destruição levada a cabo pelo ICNF", dizem os subscritores.
"Enquanto que as diretrizes da União Europeia apontam para a necessidade de descarbonização e de conservação da natureza, a prática do Governo Português tem caminhado no sentido inverso, com altas emissões de gases poluentes, e projetos de construção que promovem o declínio da biodiversidade autóctone e o aumento de espécies invasoras, para além de acentuarem a degradação dos solos e a capacidade de armazenamento de água", acusam.
As organizações signatárias da carta dizem ainda que apoiam uma ação pública prevista para sábado e promovida pelo grupo de cidadãos do Movimento em defesa da Mata dos Medos.
Assinam a carta a ACRÉSCIMO - Associação de Promoção ao Investimento Florestal, FAPAS - Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade, GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, IRIS - Associação nacional de Ambiente, MILVOZ - Associação de Protecção e Conservação da Natureza, e QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza.