Partidos não desistem de campanha de rua com medidas para evitar contágios
Os partidos com assento parlamentar pretendem manter uma campanha de rua nas eleições legislativas de 30 de janeiro, comprometendo-se, no entanto, a seguir as regras sanitárias e a reduzir os almoços e jantares.
Apesar de os partidos políticos não estarem abrangidos pelas restrições impostas pela pandemia de covid-19, fonte oficial do PS indicou à Lusa que o partido vai "autoimpor-se" limitações, reduzindo "o número de pessoas nas comitivas e o número de convidados e de presenças em eventos".
Segundo a mesma fonte, não serão organizados almoços nem jantares durante a campanha socialista, sem avançar, no entanto, se será uma campanha maioritariamente feita na rua, dado que o programa em detalhe ainda não foi apresentado.
O PSD, pela voz do secretário-geral, José Silvano, disse à Lusa que o modelo de campanha será "muito parecido" ao de 2019, também sem almoços ou jantares comício, prevendo-se que, de manhã, sejam privilegiadas visitas a instituições ou comércios locais, com a última ação do dia centrada numa área concreta do programa do PSD.
José Silvano salientou ainda que os sociais-democratas comprometem-se a seguir todas as normas determinadas pela Direção Geral da Saúde (DGS) que estejam em vigor no período em que decorre a campanha, entre 16 e 28 de janeiro.
Em nota à Lusa, o Bloco de Esquerda afirma que irá fazer as "adaptações necessárias em função da pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde", realçando, no entanto, que leva "a sério a democracia" e que o partido "já deu provas de que é possível fazer campanhas eleitorais protegendo a saúde pública".
"Nos dias que faltam até às eleições, o Bloco estará em todo o país a responder pela saúde, pelo trabalho e pelo clima. Não existirão almoços ou jantares de campanha, mas os candidatos do Bloco não deixarão de fazer campanha ao lado de quem puxa pelo país", frisou o partido.
O gabinete de imprensa da CDU (coligação integrada pelo PCP e PEV) também realçou que, durante a sua campanha, "serão asseguradas as medidas de proteção sanitária, como em todos os outros momentos se verificou, privilegiando sempre que possível o contacto direito e o diálogo com o maior número de pessoas".
Segundo o gabinete de imprensa da coligação, "a campanha eleitoral da CDU procurará contribuir para uma ampla ação de esclarecimento democrático e de mobilização para o voto", sendo que será também feita "nas redes sociais, onde manterá a sua presença".
Apesar de ainda não estar fechada, a campanha do CDS será "essencialmente de rua", prevendo-se a "tradicional volta nacional que passará por todos os distritos do continente, sendo que Lisboa, Porto, Braga e Aveiro terá a presença do líder do partido mais do que uma vez".
Numa nota enviada à Lusa, o CDS refere ainda que será feita "em feiras e mercados", havendo "duas a três ações de campanha por dia", com os "comícios, almoços e jantares condicionados à evolução da pandemia".
O PAN afirma que "já pensou a campanha" para as legislativas "numa lógica de ajustamento à evolução da pandemia", tendo descartado arruadas, planeado eventos "maioritariamente ao ar livre e com uma lotação muito restrita", e fazer "uma forte aposta na testagem" nos meios digitais.
Pela Iniciativa Liberal, o diretor de campanha, Miguel Rangel, diz à Lusa que o partido "não tem necessidade de fazer qualquer tipo de adaptação" face ao recrudescimento da pandemia, "porque vai fazer a sua campanha como tem feito sempre todas as suas ações": "de uma forma responsável, criativa, e com alguma evolução relativamente às tradicionais campanhas".
"O mais importante aqui é perceber que, de facto, este momento não pode limitar a expressão política, a liberdade democrática. (...) Não podemos permitir é que a pandemia seja usada (...) para esconder os verdadeiros problemas, que têm décadas, como são os problemas sociais, os problemas de acesso aos serviços públicos ou de estagnação económica", realçou.
O diretor de campanha do Chega, Rui Paulo Sousa, referiu que o partido pretende "percorrer o país inteiro" nos 14 dias de campanha, estando sempre a "analisar os números" da pandemia e "os planos do Governo e da DGS relativamente a eventos, ou outro tipo de situações que tenham de ser implementados".
"À partida, o que vamos tentar fazer durante o dia serão eventos em espaços abertos, ao ar livre, arruadas ou algum eventual comício em espaço aberto, de maneira a evitar um aglomerado de pessoas. (...) No que diz respeito ao final do dia (...) aí iremos tentar fazer o habitual jantar comício, ou eventualmente só um comício, tendo em consideração as recomendações da DGS", perspetivou.