Pelo menos cinco membros do Governo de Cabo Verde infectados
O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, revelou hoje que pelo menos cinco membros do Governo foram infetados com a covid-19 e que tem o seu gabinete "praticamente parado" por causa de casos positivos nos funcionários.
Em declarações aos jornalistas, na cidade da Praia, após uma comunicação conjunta com o Presidente da República, José Maria Neves, o chefe do Governo deu conta que pelo menos cinco membros do Governo já foram infetados, mas avançou que a covid-19 está também a afetar os gabinetes.
"Estou neste momento com um gabinete praticamente parado. Está a afetar pessoas de segurança e está a afetar profissionais de saúde, que é onde a ação é muito mais complicada", afirmou.
Para o primeiro-ministro, quanto menos médicos e enfermeiros o país tiver disponível, mais difícil ficará o sistema de resposta do sistema de saúde, não só para tratar questões relacionadas com a covid-19, mas também para tratar de outras doenças, nomeadamente no serviço de urgência.
Na comunicação, Ulisses Correia e Silva anunciou a contratação de mais pessoal de saúde, nomeadamente enfermeiros, e, tal como o Presidente da República, pediu um "cerrar de fileiras" para dar combate ao novo coronavírus.
Estado de emergência descartado
O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, descartou hoje a possibilidade de declarar estado de emergência por causa do aumento de casos do novo coronavírus, mas insistiu na necessidade do cumprimento das medidas de proteção individual.
"Não podemos banalizar o estado de emergência. Será sempre em situações limites", disse o chefe de Estado aos jornalistas, na cidade da Praia, após uma declaração conjunta com o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, sobre a situação epidemiológica do país.
Para José Maria Neves, neste momento deve reforçar-se o cumprimento das medidas que estão a ser tomadas pelo Governo, que anunciou hoje o recrutamento de mais pessoal para o sistema de saúde e a redução do tempo de isolamento das pessoas infetadas e sem sintomas para sete dias.
"Isso vai criar um ambiente mais facilitador. Agora, é preciso que as empresas, as pessoas cumpram, usar máscaras, lavar as mãos, evitar aglomeração e vacinar", insistiu o mais alto magistrado da Nação cabo-verdiana.
Questionado se o país deveria avançar para a obrigatoriedade da vacina contra a covid-19, dada ainda a resistência de algumas pessoas em se imunizar, José Maria Neves respondeu que, por enquanto, as pessoas devem sentir que fazem parte de um coletivo.
"É um imperativo ético hoje que cada um vacine. Não podemos ser excessivamente egoístas, com dúvidas em relação ao que a ciência nos diz, porque também temos muitas dúvidas sobre as consequências de apanhar a doença", salientou, apelando às pessoas para que sigam as orientações dos cientistas e das autoridades sanitárias.
"E façamos a nossa parte, até porque as autoridades estão a fazer a parte que lhes cabe. Cabo Vede, um pequeno país, com todos os constrangimentos que tem, já fez um esforço extraordinariamente grande e temos de solidarizar-nos também com o pessoal da saúde", pediu o Presidente.
O país tem registado nos últimos dias recordes diários de novos infetados com o novo coronavírus, com 1.025 na terça-feira, dia em que confirmou a presença da variante Ómicron a circular no arquipélago.
Neste momento, Cabo Verde tem uma taxa de incidência acumulada de 810 casos por 100 mil habitantes, uma taxa de transmissibilidade de 2,52, taxa de positividade de 21,2% e uma taxa de ocupação hospitalar de 30%.
Quanto à vacinação, até domingo último 84,1% dos adultos no país já estavam imunizados com a primeira dose, 70,8% com a segunda, 1,8% com a dose de reforço e 46,5% dos menores dos 12 aos 17 anos também já tinham recebido a primeira dose.
Na semana passada, o Governo elevou o país a situação de contingência, até 20 de janeiro, e apertou várias regras para tentar conter a propagação do vírus no país.
Até terça-feira, Cabo Verde tinha um acumulado de 44.592 casos de infeção pelo novo coronavírus, 5.568 casos ativos, 38.643 casos considerados recuperados e 354 óbitos provocados pela doença.