Disfarce
Boa noite!
A decisão governativa de cancelar as festividades do Carnaval era expectável, dada a evolução pandémica ao nível dos internamentos por covid-19, o factor que mais preocupações vai gerar nos próximos tempos.
Desta vez houve lucidez para atempadamente o executivo assumir que não estavam reunidas as condições de segurança em termos de saúde pública para que os cortejos se façam e até para que os ensaios dos diversos grupos envolvidos no 'cartaz' decorram sem medos.
Num contexto em que andamos mascarados o ano inteiro, as trapalhadas carnavalescas são dispensáveis, mesmo que a opção lese a economia e as trupes. O problema é outro. O mesmo governo que toma esta decisão preventiva apregoa a sete ventos que tem tudo controlado e estima que em breve a pandemia dê lugar a uma endemia. É o mesmo governo que limita os isolamentos a cinco dias, que poupa nos testes PCR e que não vê a hora de publicitar em larga escala que em cada dia há mais recuperados do que infectados. É o mesmo governo que autoriza ajuntamentos convenientes, desde que frequentados por vacinados e testados, mas que não usa do mesmo critério em situações idênticas.
A decisão hoje anunciada é compreensível, mas também a prova provada das incoerências governativas na gestão da covid e do desastre comunicacional que só gera confusão nos madeirenses. Por muito que o executivo disfarce, as contradições multiplicam-se e o resto, logo se vê, até porque a parte operacional começa a denotar fragilidades legítimas, com profissionais exaustos, com a linha SRS 24 a falhar e muito boa gente mergulhada em dúvidas.
Nota de rodapé
Hoje dou também um ‘boa noite’ especial à Isabel, mulher da minha vida, que completa mais um ano e que tanto me tem dado de modo a que também possa estar ao serviço quase permanente e dedicado à grande causa da informação. À primeira conselheira nas grandes decisões, à voz crítica nas indefinições e ao amparo no momento de sofrimento solitário agradeço o amor que dá sentido a cada dia.