Livro “Memória em Pedra” apresentado na Madeira
Obra de Rui Carita e Konstantin Richter foi apresentada hoje na Torre do Capitão, em Santo Amaro.
Foi na Torre do Capitão, em Santo Amaro, que foi apresentada a obra “Memória em Pedra” obra que se debruça sobre a Cidade Velha, em Cabo Verde, da autoria de Rui Carita e de Konstantin Richter, que conta ainda com o contributo do Arqueológo José Luis Neto.
O trabalho foi organizado como roteiro histórico e cultural da primeira cidade crioula construída de raiz nos Trópicos, com base nos trabalhos arqueológicos e de prospeção subaquática efetuados nos últimos anos e que justificaram a sua inscrição como património edificado pela UNESCO em 2009. O seu lançamento na ilha da Madeira, tem especial relevância, por ter sido daqui que partiram muitos dos povoadores do novo arquipélago, numa colaboração interinsular que se mantém até aos dias de hoje.
Na apresentação da obra, Rui Carita começou por dizer que o livro é o resultado de 20 anos de trabalho. Falando das muitas semelhanças encontradas entre o povoamento da Madeira e de Cabo Verde, e da presença da Região naquele arquipélago, o autor ressalvou que o futuro das ilhas atlânticas – Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde – tem de passar por uma cooperação estreita e entre estes arquipélagos.
Eduardo Jesus salienta importância da cooperação entre arquipélagos atlânticos
Presente no lançamento de “Memória de Pedra”, o secretário regional de Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, sublinhou a importância da cooperação entre estes arquipélagos. “Os autores encontram nestes arquipélagos muitos aspetos semelhantes, o que significa que o povoamento dos mesmos foi feito com base em orientações comuns, com pessoas que eram as mesmas ou que se regiam da mesma forma. E hoje podermos, através destes arquipélagos poder reunir informação, promover investigação e produzir conhecimento, é sem dúvida uma obrigação que nos assiste”, disse o governante que enalteceu que os 20 anos de trabalho a que se havia referido Rui Carita são reflexo da “insistência, persistência e saudável teimosia em querer fazer as coisas e trazer até nós o resultado desse empenho”. “Chegar ao fim de um trabalho é sempre um motivo de registo”, acrescentou. Eduardo Jesus aproveitou ainda para felicitar Rui Carita por mais este trabalho, sublinhando que a obra fala de memórias vivas, algo a que o autor fica sempre associado no seu trabalho.
Tendo em conta que “Memória em Pedra” é uma edição conjunta entre os parceiros dos Açores, Cabo Verde, Madeira e Canárias e que a Secretaria Regional de Turismo e Cultura foi coeditora da obra, ao abrigo do projeto MARGULLAR (cofinanciado pelo INTERREG MAC 2014-2020), o secretário regional referiu, neste âmbito, a cooperação que envolve a ACIF e que já permitiu o desenvolvimento de novos produtos. “Há bem pouco tempo foi apresentado o roteiro de arqueologia subaquática da Ponta de São Lourenço e isso só foi possível porque houve uma união de esforços e recursos, da qual todos nós saímos vencedores”, disse, acrescentando que a importância deste roteiro “vai para além do valor histórico no qual está alicerçado, já que também é um produto para a população local e para os turistas. Esta ligação entre memória transformada em conhecimento e entre conhecimento transformado em produto para fruição dos locais e daqueles que nos vistam, é a criação de uma cadeia de valor baseada na história e naquilo que a história guarda para si, e que as pessoas como Rui Carita depois trazem até nós”.