Boa Noite

Perplexidade

Descubra as pequenas derrotas que o PSD-M não assumiu na noite da vitória alegadamente “contundente”

Boa noite!

No dia de reflexão pós-eleitoral – este sim, o único que faz sentido para que, entre outras enormidades,  não sejam produzidas pérolas como as que que ouvimos ontem - detectamos as pequenas derrotas que o PSD-M não quis assumir na noite da vitória alegadamente “contundente”.

1.     A mais expressiva é que, se os resultados alcançados nas Legislativas se repetissem nas Regionais do próximo ano, a aliança que o PSD teima em manter com o extinto CDS perderia a maioria no parlamento madeirense, ficando com apenas 21 deputados, menos três do que actualmente.

2. Uma outra perda relevante decorre do facto de PSD e CDS, que concorreram separados em 2019, valerem na altura mais do que agora juntos. Nesse sufrágio, o PSD obteve 48.231 votos e o CDS, 7.852 votos. Ontem, a aliança democrática madeirense conseguiu 50.634 votos, bem menos do que os 56.083, a soma das partes nas legislativas anteriores. Ou seja, em menos de três anos perderam-se 5.449 votos nas hostes do poder.

3. Em menos de quatro meses a coligação PSD/CDS espatifa 5.537 votos no Funchal, passando dos 26.841 votos nas Autárquicas para os 21.304 nas Legislativas de ontem.

4. Com estes indicadores nas mãos, o líder do PSD-M não fez hoje qualquer emenda ao que ontem sentenciou: "A coligação é para continuar. A coligação tem funcionado muito bem e acho que, neste momento, não faz nenhum sentido que nas próximas eleições o PSD e o CDS não se apresentem coligados”. As Regionais são para o ano e o colapso centrista é agora mais evidente. Só falta Rui Barreto requerer a ficha de militante social-democrata. Por isso, muitos dos que esperavam que o assunto fosse discutido em congresso ficaram perplexos com mais um repentismo miguelista. Qual é a pressa de Albuquerque se o contexto político está a alterar-se também na Madeira, com fenómenos merecedores de análise, por sinal mais à direita do que à esquerda?

5. Derrotada foi ainda a esperteza ‘sem malícia’ de Sérgio Marques que se precipitou  no anúncio que os deputados do 'Madeira Primeiro’ poderiam ser o fiel da balança: “Se o PS não conseguir fazer maioria absoluta, poderemos ter maior margem de influência. Nesse cenário o PSD poderá ter uma palavra a dizer e nós, PSD-Madeira, teremos mais margem de negociação”. Esse era o sonho que caiu por terra. De facto, há deputados madeirenses que podem ser decisivos na hora de defender a Autonomia  e, por ironia, estarão sentados na bancada socialista.

O PSD ganhou, provavelmente com a ajuda diminuta da bengala de estimação, mas terá que começar a pensar em novas fórmulas, pois, mesmo que consumada a absorção do CDS, pelos vistos, a união da fome com a vontade de comer  já não chega para defender os “superiores interesses” da Madeira dentro de portas.