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Pelo menos 24 praias contaminadas por derrame de petróleo no Peru

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Pelo menos 24 praias da costa central do Peru foram contaminadas pelo derrame de petróleo ocorrido numa refinaria operada pela Repsol, que está a investir 27,7 milhões de dólares (24,8 milhões de euros) na limpeza.

Estes espaços naturais estendem-se desde a refinaria La Pampilla, localizada no distrito de Ventanilla da província de Callao, até à praia Peralvillo, município de Chancay, de acordo com o último relatório da Direção-Geral de Saúde Ambiental e Segurança Alimentar Digesa, divulgado nas redes sociais.

Para acelerar as ações de limpeza, a Repsol informou hoje que está a levar por via aérea para o Peru mais de 200 toneladas adicionais de equipamentos que proveem dos Estados Unidos, Finlândia, Brasil, Colômbia e Dubai, num investimento de cerca de 27,7 milhões de dólares para a empresa.

"Trata-se de equipamentos de uso especializado para a contenção e limpeza de áreas naturais, onde se incluem 30 'skimmers' (equipamento de limpeza marinha), 3.770 metros de barreiras de contenção adicionais, 84.500 metros de matéria absorvente e 30 tanques de armazenamento, entre outros de última geração", sublinhou a Repsol, em comunicado.

A catástrofe ambiental, qualificada pelo Governo peruano como "o pior desastre ecológico" ocorrido em Lima nos últimos anos, afeta atualmente cerca de 100 quilómetros de costa, enquanto a mancha de crude abarca uma área de aproximadamente 11,9 quilómetros quadrados entre mar e costa, informou na sexta-feira o Ministério do Ambiente.

Perante este cenário, a Digesa, adstrita ao Ministério da Saúde, instou as autoridades regionais a restringir a utilização das praias contaminadas até que se realizem os trabalhos de limpeza e recomendou à população para evitar as zonas afetadas pelo derrame "por representar um grave risco para a saúde".

A quantidade de crude derramado pode ter alcançado, de acordo com a Repsol, aos 10.396 barris de petróleo (1,65 milhões de litros), um número superior aos 6.000 barris que em dias anteriores tinham sido assinalados pela empresa e levemente inferior aos 11.900 barris (1,9 milhões de litros) estimados pelo Ministério do Ambiente.

Num primeiro momento, a multinacional espanhola reportou a perda de apenas 0,16 barris (25 litros).

Perante esta discrepância de números, o Ministério dos Negócios Estrangeiros peruano acusou, no sábado à noite, a Repsol de ter "mostrado uma atitude provavelmente dolosa" e assegurou que o Governo "anunciará uma drástica sanção" contra a empresa.

Enquanto as autoridades competentes tentam determinar as causas e os responsáveis pelo desastre, o diretor executivo da Repsol no Peru, Jaime Martínez-Cuesta, foi impedido de abandonar o país por 18 meses, tal como outros três gestores e responsáveis da empresa.

Além disso, o organismo de avaliação e fiscalização ambiental OEFA disse que a Repsol incumpriu os prazos da primeira série de medidas ditadas para limpar o desastre ambiental e advertiu que a empresa poderá ser alvo de multas milionárias que podem alcançar os 59 milhões de dólares (cerca de 53 milhões de euros).

A Repsol informou que já recuperou 35% do petróleo derramado e que no processo de limpeza do mar e das praias estão a trabalhar mais de 2.000 pessoas, dezenas de embarcações em alto mar e mais de 140 unidades de maquinaria pesada.