Centenas de pessoas participam em manifestação do movimento #MeToo nos Países Baixos
Centenas de pessoas participaram hoje em Amesterdão, nos Países Baixos, numa manifestação do movimento #MeToo desencadeada por alegações de assédio sexual num popular programa de talentos da televisão holandesa.
A manifestação na praça Museumplein, em Amesterdão, foi organizada após denúncias de assédio sexual, que vão desde mensagens de WhatsApp até uma alegação de violação, vinculadas ao programa "The Voice" realizado nos Países Baixos.
O popular programa foi retirado do ar há duas semanas, depois de mulheres acusarem dois jurados que apareceram no programa nos últimos anos e o pianista e líder da banda de avanços sexuais inapropriados e indesejados.
Os dois jurados, ambos artistas holandeses populares, negaram as acusações. O líder da banda pediu desculpas e demitiu-se do programa televisivo.
Embora várias mulheres tenham feito queixas às autoridades policiais, os procuradores ainda não anunciaram se vão acusar alguém.
O escândalo levou a pedidos nos Países Baixos por mais ações para tornar os locais de trabalho mais seguros para as mulheres.
O sindicato trabalhista FNV disse esta semana que "quase cinco anos após o #MeToo, surpreendentemente, pouco mudou no combate ao assédio sexual nos locais de trabalho" e pediu ao Governo holandês que endureça as leis.
A vice-presidente da FNV, Kitty Jong, disse que as alegações ocorridas no âmbito do "The Voice" mostram claramente "que mulheres em posições vulneráveis têm poucos recursos para lidar com o assédio sexual".
Em outubro de 2017, o jornal The New York Times e a revista The New Yorker publicaram reportagens a denunciar o escândalo sexual no meio cinematográfico norte-americano.
Foi a partir dessas reportagens que se gerou o movimento coletivo espontâneo de denúncia e partilha #MeToo, de denúncia de casos de abuso, agressão e assédio sexual na indústria do entretenimento.
O caso mais mediático envolveu o produtor norte-americano Harvey Weinstein (que está a cumprir uma pena de 23 anos de prisão por violação e agressão sexual a duas mulheres), mas surgiram ainda outros relatos de abusos, envolvendo, entre outros, os atores Kevin Spacey e Dustin Hoffman, o ex-presidente da Amazon Studios Roy Price, os realizadores Brett Ratner e James Toback, os jornalistas Charlie Rose, Glenn Thrush e Matt Lauer, o fotógrafo Terry Richardson e o comediante norte-americano Louis C.K..