Reconstruir em 2022
A nível laboral as consequências estão a ser devastadoras, continuamos a assistir a um progressivo aumento da precariedade
Quando se inicia um novo ano, o país prepara-se para eleições legislativas, e a pandemia atravessa uma nova fase, importa recordar o desígnio instituído em setembro de 2015, quando os mais altos representantes dos países e das Nações Unidas, reunidos em Nova York no âmbito do septuagésimo aniversário desta organização, aprovaram a divulgada agenda 2030, com o propósito de transformar o mundo e tornar o desenvolvimento sustentável.
Esta decisão foi ancorada em três dimensões, a vertente económica, a social e a ambiental, tendo por missão envolver todos os líderes mundiais num processo discreto de diálogo construtivo, que não deixando ninguém para trás, privilegie as parcerias colaborativas visando fortalecer a paz entre os povos, alcançar a igualdade de género, reforçar a liberdade, procurando erradicar a pobreza em todas as suas formas e proporções.
Para implementar o processo foi criada uma agenda com 17 ambiciosos objetivos e 169 metas, que estarão na ordem de trabalhos nas mais diversas iniciativas a realizar nas várias regiões do mundo nos anos subsequentes, procurando desta forma sensibilizar os decisores para o apoio político e financeiro que esta missão exige de todos.
Sete anos depois da declaração de Nova York, nunca é demais falar deste importante acontecimento para o mundo, pois este é um dossier difícil e moroso de implementar, apesar de alguns avanços, ainda temos um longo e heterógeno caminho a percorrer.
A realidade atual não é favorável à implementação dos pressupostos acordados em 2015, uma vez que reapareceram muitos conflitos, a tensão entre as grandes potências está mais incisiva, a pobreza no mundo agravou-se num imprevisível contexto pandémico que continuará a nos acompanhar.
A pandemia que estamos a atravessar evidenciou as nossas fragilidades, alterou individual e coletivamente as nossas rotinas e comportamentos e de forma impiedosa está a deixar marcas que levarão tempo a superar. Esta pandemia demonstrou também a capacidade de colaboração internacional num projeto comum, de que é exemplo a produção de vacinas para combater a pandemia, num claro exemplo colaborativo que pode ser replicado em muitas outras áreas.
A nível laboral as consequências estão a ser devastadoras, continuamos a assistir a um progressivo aumento da precariedade, assim como o aumento das desigualdades com o encerramento de empresas, destruição de muitos postos de trabalho e consequente aumento do desemprego.
Após dois anos de árduo trabalho, de constrangimentos e incertezas, a resposta dos serviços e dos profissionais de saúde tem sido determinante no combate à pandemia, comparando com outros períodos da nossa história; apesar do número de mortos e das muitas sequelas ainda por apurar, não restam dúvidas que atualmente estamos mais bem preparados para minimizar os efeitos originados pela pandemia.
No início de um novo ano, a nova normalidade, continuará focada essencialmente no setor da saúde, onde o investimento deverá incidir fundamental nos recursos humanos para responder de forma eficaz aos problemas das pessoas, assim como aos efeitos de longo prazo da COVID 19.
Estaremos confrontados com o agravamento da crise económica e social onde será necessário aprofundar a solidariedade. É premente valorizar o trabalho e o trabalhador aprendendo com a experiência vivida neste período tão difícil, o novo ano terá de ser um ano de reconstrução e consolidação que vise promover uma sociedade mais justa.