França diz que Putin decidirá se há confrontação ou concertação
O chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, insistiu hoje que cabe ao Presidente russo, Vladimir Putin, decidir se haverá "confrontação ou concertação", salientando que a "bola está do lado da Rússia" na questão ucraniana.
As palavras do ministro dos Negócios Estrangeiros francês, divulgadas pela rádio RTL, foram proferidas pouco antes da conversa, prevista para hoje, entre o Presidente de França, Emmanuel Macron, e Putin, que tem como pano de fundo a situação na Ucrânia e uma possível invasão russa.
As declarações de Le Drian foram igualmente proferidas dois dias depois de os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) terem recusado fechar a Aliança Atlântica à Ucrânia, como exigiu a Rússia.
"[Putin] quer ser aquele que afirma que a Rússia é uma potência de desequilíbrio, ou está pronto para jogar numa desescalada? Cabe-lhe dizer se quer um confronto ou uma consulta. Estamos prontos para a consulta. Ainda são necessários dois para isso", afirmou.
"Sim, há um risco [de invasão da Ucrânia], é claro", prosseguiu, lembrando o espetro de "repercussões maciças" para a Rússia se optar por atacar a Ucrânia, em cuja fronteira se encontram estacionados cerca de 100.000 soldados russos.
Le Drian considerou "essencial continuar a falar obstinadamente com os russos para colocar Vladimir Putin à frente das suas responsabilidades", numa altura em que são vários os parceiros europeus, em particular no Leste, que consideram o diálogo "inútil e contraproducente".
O Presidente francês vai analisar com Putin os meios para obter uma diminuição das tensões na crise ucraniana, em particular através da aplicação dos acordos de paz de Minsk, de 2015, no quadro quadripartido do 'Formato da Normandia' (França, Alemanha, Rússia e Ucrânia).
Quarta-feira, em Paris, numa reunião neste formato, russos e ucranianos concordaram em trabalhar na consolidação do cessar-fogo no leste da Ucrânia, onde um conflito entre Kiev e separatistas pró-russos deixou mais de 13.000 mortos desde 2014.
"Pudemos ver claramente que, no imediato e no chamado exterior próximo à Rússia, existem manobras de desestabilização regulares que estão em curso", observou Le Drian, sublinhando que Moscovo quer desenvolver o conceito de soberania limitada", sobretudo na Ucrânia.