Alemanha admite usar gasoduto Nord Stream II como sanção contra Moscovo
A Alemanha admitiu hoje, pela primeira vez, usar o controverso gasoduto Nord Stream II como parte de "sanções severas" contra a Rússia, no caso de uma agressão contra a Ucrânia.
Perante o Parlamento alemão, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, disse que o seu Governo está a trabalhar num pacote de "sanções severas" contra a Rússia, que incluem o Nord Stream II -- o gasoduto que aguarda validação de Berlim.
Baerbock admitiu assim, pela primeira vez, esta medida, depois de continuada indefinição do Governo alemão sobre a matéria.
O Governo de coligação na Alemanha - que reúne social-democratas, favoráveis a uma abordagem conciliatória com Moscovo, e ambientalistas e liberais, a favor de uma linha mais dura -- tem tido posições oscilantes sobre o gasoduto.
O chanceler, Olaf Scholz, por vezes refere-se ao Nord Stream II como um "projeto privado", para não se envolver em questões políticas, outras vezes mencionou um acordo de princípio, concluído no ano passado entre Berlim e Washington, que prevê que o projeto seja interrompido em caso de agressão militar à Ucrânia.
O gasoduto - que levará gás russo para a Alemanha e para a Europa através do Mar Báltico, contornando a Ucrânia -- está já concluído, mas o seu uso e comissionamento está bloqueado pelo regulador de energia alemão, por razões legais.
Sobre as atuais tensões entre a Ucrânia, a Rússia e o Ocidente, Baerbock insistiu na necessidade imediata de insistir nas negociações diplomáticas em curso, para tentar que Moscovo desista de qualquer invasão.
"Enquanto falarmos, não disparamos", explicou a chefe da diplomacia alemã.
Berlim tem enfrentado muitas críticas pela sua posição, considerada demasiado flexível em relação a Moscovo.
O Governo alemão recusa-se a doar armas a Kiev, ao contrário dos Estados Unidos ou do Reino Unido, e na quarta-feira anunciou que apenas entregaria 5.000 capacetes às Forças Armadas da Ucrânia, numa decisão ridicularizada pelas autoridades ucranianas e pela oposição no país.