Parlamento italiano ainda não elegeu novo PR após três dias de escrutínio
O terceiro dia de escrutínio hoje realizado no parlamento italiano para eleger o próximo Presidente da República não permitiu nomear um vencedor, prolongando a incerteza que pesa sobre o futuro do primeiro-ministro, Mario Draghi, e da coligação governante.
Cerca de 412 grandes eleitores em 1.009 chamados a pronunciar-se (deputados, senadores e representantes regionais) votaram em branco, o que traduz a ausência de consenso entre os principais partidos em torno de um candidato.
Foi o Presidente cessante, Sergio Mattarella, de 80 anos, muito popular, mas que excluiu cumprir um segundo mandato, quem se classificou em primeiro lugar, com 125 votos.
Quanto ao chefe do executivo, Mario Draghi, favorito para o cargo antes da eleição, só obteve cinco votos, porque os partidos estão preocupados com a ideia de o ver abandonar o atual cargo.
Na quinta-feira, decorrerá o quarto dia de votação, com uma mudança assinalável: a maioria absoluta será suficiente para nomear um vencedor, em vez da maioria de dois terços exigida nas três primeiras votações.
O Presidente da República tem um papel essencialmente protocolar em Itália, mas este ano, está muito em jogo: se Mario Draghi fosse eleito, abandonaria a liderança do seu Governo que assenta numa frágil coligação.
Uma tal escolha poderia desencadear eleições legislativas antecipadas, o que faria "descarrilar" as reformas necessárias à obtenção dos milhares de milhões de euros prometidos a Itália no âmbito do fundo de recuperação da União Europeia.
Itália é o maior beneficiário europeu desse programa, estando previsto receber quase 200 mil milhões de euros, desde que cumpra os requisitos de reformas em diversas áreas.
A escolha do Presidente da República é notoriamente difícil de prever: a história prova que esta eleição semelhante a um conclave, sem candidatos oficiais e com boletins de voto secreto é propícia a reviravoltas de última hora.