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Biden sem interesse em conflito alerta que invasão da Rússia "mudará o mundo"

Foto EPA/MICHAEL REYNOLDS/POOL
Foto EPA/MICHAEL REYNOLDS/POOL

O Presidente dos Estados Unidos Joe Biden assegurou hoje que não tem intenção de enviar tropas norte-americanas ou da NATO para a Ucrânia, embora acredite que uma invasão da Rússia terá "consequências enormes" e "mudará o mundo".

"Não temos intenções de enviar forças norte-americanas ou da NATO para a Ucrânia", referiu Joe Biden, em declarações aos jornalistas, durante uma visita a uma pequena empresa de Washington.

Na segunda-feira, os Estados Unidos colocaram em "alerta máximo" 8.500 militares para um possível destacamento na Europa de Leste devido à escalada de tensões sobre a Ucrânia.

A NATO também anunciou o reforço dos seus efetivos em países da frente oriental da Aliança Atlântica.

Para o chefe de Estado norte-americano, uma invasão por parte da Rússia exporia aquela potência a "sanções económicas significativas", incluindo sanções que podiam atingir pessoalmente o Presidente russo Vladimir Putin.

Mas Joe Biden recusou-se a especular sobre o momento em que pode ocorrer um ataque sobre a Ucrânia.

"Seria como ler borras de café [como ler o futuro]", acrescentou, lembrando que "tudo depende da decisão" de Putin.

Se a Rússia "invadir todo o país", ou "até muito menos" do que isso, haverá "enormes consequências", não só para aquele país, mas em "todo o mundo", alertou o democrata.

Seria "a maior invasão desde a Segunda Guerra Mundial. Isso mudaria o mundo", apontou.

Os países ocidentais acusam a Rússia de pretender invadir novamente o país vizinho, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia, em 2014, e de alegadamente patrocinar, desde então, um conflito em Donbass, no leste da Ucrânia.

A Rússia nega quaisquer planos para uma invasão, mas associa uma diminuição da tensão a tratados que garantam que a NATO não se expandirá para países do antigo bloco soviético.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, confirmou hoje que terá uma conversa telefónica sobre a crise ucraniana com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, na sexta-feira.

O Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, afirmou que a ameaça de um ataque militar da Rússia contra a Ucrânia é "o último exemplo" de que "a Europa está em perigo".

Dirigindo-se a eurodeputados, em Bruxelas, num debate sobre a "Bússola Estratégica", o documento que vai definir a futura política de segurança e defesa do bloco europeu, atualmente a ser negociado pelos 27 com vista à sua adoção em março, o chefe da diplomacia europeia salientou a importância de a Europa reforçar as suas capacidades e autonomia estratégica, dando a tensão a Leste como exemplo das ameaças que pairam sobre a Europa.

Os Estados Unidos fizeram chegar hoje a Kiev o terceiro avião com ajuda militar para a Ucrânia, no dia em que a República Checa anunciou que vai oferecer munições antiaéreas para dissuadir uma eventual invasão russa.

Moscovo manifestou "grande preocupação" com a decisão dos Estados Unidos de colocar 8.500 militares em "alerta máximo" para um possível destacamento na Europa de Leste devido à escalada de tensões sobre a Ucrânia. A NATO também anunciou o reforço dos seus efetivos em países da frente oriental da Aliança Atlântica.