Museu Etnográfico da Madeira revela ‘O Cigano - Fogão de Farelo’
Nova exposição temporária é inaugurada a 1 de Fevereiro
O átrio do Museu Etnográfico da Madeira (MEM) recebe na próxima terça-feira, 1 de Fevereiro, mais uma exposição temporária. Intitulada ‘O Cigano - Fogão de Farelo’, a mostra integra o projecto 'Acesso às Colecções em Reserva' que tem como objectivo proporcionar uma maior rotatividade das colecções, apresentando, semestralmente, uma nova temática.
O MEM recupera agora e dá a conhecer até 2 de Julho uma técnica secular de cozinhar os alimentos. A lenha, embora abundante em algumas localidades foi, em tempos mais remotos, um bem escasso, devido à sua grande procura e utilização. Para obtê-la, era necessário percorrer longas distâncias nas serras e em lugares inacessíveis.
Foi então que surgiu o Cigano, utilizado um pouco por toda a ilha, uma forma sábia de aproveitamento do farelo (as aparas) provenientes da laboração das carpintarias e serragens. O material, de difícil combustão, tornava-se combustível, quando prensado dentro de uma pedra de tufo, construída para o efeito, ou, mais recentemente, dentro de um recipiente em folha de flandres, reutilizando-se as “latas de tinta”.
O farelo é introduzido e calcado na lata, com dois paus roliços, um encaixado na vertical, outro na horizontal, que depois são retirados, formando o tubo de combustão, onde é ateado o fogo.
É possível comparar o Cigano ao moderno fogão a gás, visto que a sua chama é constante e duradoura. Um Cigano emite uma chama capaz de cozinhar durante 5 a 6 horas.
Desconhece-se a origem desta técnica, bem como da sua designação, embora esta última possa estar relacionada com o modo de vida da etnia cigana, o nomadismo, pois trata-se de um fogão de fácil transporte e montagem.
O desenvolvimento tecnológico e o aparecimento de novas formas de cozinhar, levou ao abandono da utilização do Cigano.
No sítio da 1.ª Lombada, freguesia da Ponta Delgada, concelho de São Vicente, algumas famílias utilizam o Cigano, esporadicamente, sobretudo em convívios, em que se cozinha para um grande número de pessoas, poupando-se, desta forma, no gasto de gás, nomeadamente no 1.º de Maio, na Serrada da Velha e na 1.ª Oitava, no Natal.
Refira-se ainda que o MEM prolongou o período da exposição temporária 'Musealização da Lapinha do Caseiro', ficando esta patente ao público até ao dia 16 de Abril. O museu está aberto ao público de terça a sexta-feira (das 9h30 às 17 horas) e aos sábados (das 10 às 12h30 e das 13h30 às 17h30). A entrada para as exposições temporárias é gratuita.