Como sou pouco e sei pouco, faço o pouco que me cabe
No trato social, em cada momento que lidamos com o próximo somos obrigados a determinadas regras e a aceitar as inevitáveis diferenças de carácter e maneira de agir, mas isso não é razão válida para que caiamos na tentação de abanar a cabeça, em sinal de aprovação, a tudo o que os outros dizem, só porque sim.
Não gosto, não gosto particularmente de seres portadores de flacidez cervical e de ligeireza de princípios, camuflados de bondade e boas práticas mas de perfume fétido. Não sou dada a brotoeja, mas causam-me imensa revolta atitudes a todos os títulos reprováveis e pouco ortodoxas, da parte de quem se considera (fá-lo parecer publicamente) cidadão de irrepreensíveis valores morais.
Tudo isto vem a propósito do burburinho que se criou à volta da escassez e da falta de bens de primeira necessidade no Porto Santo. Logo surgiu na rede social fb uma amálgama de insultos, disformes ignorâncias e comentários pouco abonatórios dirigidos a quem se sentiu indignado e resolveu manifestar-se publicamente.
Razões meteorológicas ou condições atmosféricas à parte, convenhamos, no século XXI não é, de todo, aceitável.
Recuámos ao princípio do sec. XX, quando os nossos pais e avós, pela mesma razão, viveram dias de angústia e fome enquanto esperavam o regresso do carreireiro, retido na Madeira, que lhes traria o grão de milho para ser moído e transformado em alimento. Nessa época não tinham um porto de Abrigo, contentores frigoríficos, super-mercados e um aeroporto operacional 365 dias por ano.
Não basta esgrimir a existência de problemas mas ficar impávido e sereno não conduz a soluções. É exigível ir mais longe. Sobretudo evitar que situação similar se repita. É preciso conjugar e executar o verbo prevenir.
Para quem pensa que o direito à indignação é coisa de “mentalidades” procure mudar a sua, se a encontrar.
“Porque eu sou do tamanho do que vejo. E não do tamanho da minha altura”, vou continuar a questionar.
Madalena Castro