16 partidos concorrem às próximas eleições legislativas nacionais. Aos pares ou em conjunto vão debatendo mas quedam-se por muitas acusações mútuas, muitos mexericos e poucas abordagens aos problemas relevantes para o país, porém o mais hilariante foi entre André Ventura do Chega e Francisco Rodrigues dos Santos do CDS, qual dos dois a”berrar” mais alto para abafar o raciocínio - se é que havia algum – do outro. Ventura queria vender a habitual banha de cobra mas o chiquinho não deixava, interrompendo-o constantemente para não deixar o vendedor de promessas dizer o que compradores de ilusões gostam de ouvir, pois o “Chico” queria afirmar-se e batia-se de igual para igual demonstrando que, embora pareça, não é nenhuma adolescente e enfrenta qualquer político de barba rija. Mudei de canal porque já me doía os tímpanos e a barriga de tanto rir - não estou a falar do partido do Tino de Rãs – e fazendo zapping com o comando da TV fui procurar uma comédia a condizer “mais políticos do que eleitores”.

É certo que em democracia todos têm o direito de formar um partido ou associação e candidatar-se, mas também têm o dever de estarem preparados para discutirem com elevação e coerência. Não foi isso que se viu naquele debate com representantes de 11 pequenos partidos sem assento parlamentar onde alguns deram um espetáculo tão pobre com propostas mirabolantes e sem nexo, mostrando quão mal estão preparados para a política. O espetáculo foi tão deprimente que até houve um curto-circuito e deu-se um apagão. Assim o país não avança.

Todos nós portugueses iremos enfrentar um dilema nas próximas eleições, teremos que ter muito discernimento para decidir em quem votar, porquê? Porque temos a experiência da “geringonça” que nos obrigou a estas eleições antecipadas. Tudo indica que o PS ganhará o próximo ato eleitoral, restando apenas saber se com ou sem maioria absoluta, porém, se ganhar com maioria relativa, com quem formará Governo ou com que apoios partidários depois da experiência recente? Se por um lado dizem que as maiorias absolutas são perigosas devido à tendência de abuso de poder, por outro, temos o perigo do país estagnar devido às sucessivas quedas do Governo já que as coligações com os partidos pequenos não são fiáveis, por caprichos, ideologias partidárias ou por propostas inaceitáveis,  deitam o Governo abaixo apenas para se afirmarem no panorama político nacional e, como foi o caso, chumbarem o Orçamento de Estado obrigando o país a paragens governativas durante 3 ou 4 meses até novas eleições. Assim, condiciona a economia, os portugueses vêm a vida andar para trás e o país jamais terá estabilidade política económica e financeira. Se o leitor da Região ou do Continente português me permite gostaria de ajudar na tomada de decisão referindo como exemplo o Psd-m que governa a Madeira há 47 anos, 45 dos quais com maiorias absolutas, e digam-me se acham que a Madeira está bem ou mal? Agora meditem um pouco e da vossa resposta dependerá a vossa tomada de decisão. Ah, não vale consultar aquele mapa publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos que coloca a Madeira na última posição no que respeita ao maior índice de pobreza. Seja qual for a vossa decisão não deixe de votar, pois não acredite em quem afirma que o seu voto elege mais ou menos deputados. Isso não é verdade, já que os 230 deputados serão eleitos, por círculos plurinominais pelo método de Hondt que converte votos em mandatos o que significa que mesmo que só 1.000 eleitores vão às urnas, os deputados serão eleitos na mesma. Aqueles que o aconselham a não votar são os primeiros a chegar às urnas no dia das eleições para escolherem, por si.

Alguns poderão afirmar que estas eleições poderiam ser evitadas se os partidos olhassem para a estabilidade e bem estar do país e da população em vez de olharem para o seu próprio umbigo. Nisso estou de acordo, aliás já o afirmei na “opinião” de Dezembro último e reafirmo que com um pouco de boa vontade os partidos com assento na AR podiam deixar de brincar às “guerrinhas” de que tanto gostam e, se o Sr. Presidente da República não se tivesse precipitado podia-se ter evitado gastar 1,7 milhões de euros, em eleições antecipadas e até se podia evitar que os infetados com Covid 19 saíssem de casa para votar. Prevejo que a abstenção será a grande vencedora, todavia o que não tem remédio remediado está e só nos resta cumprir o nosso dever cívico pois é o nosso voto que nos permite exigir uma melhor qualidade de vida, que se acabe com a corrupção, com a lentidão da justiça e com o nosso miserável índice de pobreza. Vamos ser exigentes, reivindicativos com o Governo e os deputados eleitos com o nosso voto. Já decidiram? Maioria absoluta, sim ou não?