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Reunião entre talibãs e membros da sociedade civil foi "positiva"

FOTO TORSTEIN BOE/EPA
FOTO TORSTEIN BOE/EPA

Uma reunião entre talibãs e membros da sociedade civil afegã realizada hoje em Oslo permitiu "quebrar o gelo", na véspera de um encontro entre representantes de Cabul e diplomatas ocidentais, disse à AFP uma participante. "Foi uma reunião positiva para quebrar o gelo", afirmou a defensora dos direitos das mulheres Jamila Afghani, numa mensagem enviada à AFP. "Os talibãs mostraram boa vontade (...) Vamos ver se os seus atos seguem as suas palavras", acrescentou.

Liderada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Amir Khan Muttaqi, a delegação dos talibãs, a primeira a deslocar-se à Europa desde o seu regresso ao poder, em agosto, reuniu-se com membros da sociedade civil afegã, incluindo ativistas feministas e jornalistas, num hotel de Oslo.

Os participantes sublinharam "que todos os afegãos devem trabalhar juntos para melhorar a política, a economia e a segurança do país", afirmou no Twitter o porta-voz do governo islamita, Zabihullah Mujahid, no que foi apresentado como "uma declaração conjunta". Também foi reconhecido que "a compreensão e a cooperação conjunta são as únicas soluções para todos os problemas do Afeganistão", precisou.

A situação humanitária no Afeganistão e os direitos humanos são assuntos que estão no centro desta visita de três dias, numa altura em que milhões de pessoas estão ameaçadas pela fome no país, privado de ajudas internacionais e afetado por várias secas. Ainda nenhum país reconheceu o governo dos talibãs, desde que estes regressaram ao poder, de onde tinham sido afastados em 2001. Estas conversações "não constituem uma legitimação ou reconhecimento", disse na sexta-feira a ministra dos Negócios Estrangeiros da Noruega, Anniken Huitfeldt. "Mas devemos falar com as autoridades de facto do país", sustentou.

Hoje, dezenas de manifestantes protestaram contra os talibãs em frente ao seu ministério, constatou um jornalista da AFP. Na segunda-feira, a delegação vai reunir-se com representantes dos Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália e da União Europeia, antes de contactos bilaterais com as autoridades norueguesas no dia seguinte.