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Talibãs defendem direito de deter opositores, incluindo feministas

Foto EPA/STRINGER
Foto EPA/STRINGER

O governo talibã tem "o direito de deter e colocar na prisão os opositores", incluindo mulheres que se manifestam "sem autorização", afirmou hoje um porta-voz, apesar de se distanciar do desaparecimento recente de duas ativistas feministas.

Desde que assumiram o poder em agosto, as autoridades talibãs têm vindo a dispersar manifestações da oposição, a espancar jornalistas e a deter críticos do regime.

Esta semana, duas mulheres foram sequestradas dias após terem participado numa manifestação em Cabul, segundo defensores dos direitos das mulheres.

A missão de assistência das Nações Unidas no Afeganistão pediu hoje aos talibãs para darem informações sobre o destino das desaparecidas, Tamana Zaryabi Paryani e Parwana Ibrahimkhel.

Em declarações à AFP, o porta-voz do governo, Zabihullah Mujahid, negou que tenham sido presas.

No entanto, o governo tem o direito de "deter e colocar na prisão os opositores ou os que violem a lei", precisou, acrescentando que "ninguém deve criar perturbações, dado que isso prejudica a ordem pública e a paz".

Grupos de ativistas organizam regularmente pequenas manifestações na capital para exigirem respeito pelos direitos das mulheres.

Manifestam-se "sem autorização", acusou Mujahid. "Se isso acontecesse noutro país, pessoas como elas seriam detidas".

"No nosso país também, serão presas e confrontadas com as suas responsabilidades. Não autorizamos atividades ilegais", acrescentou o mesmo porta-voz que é também vice-ministro da Informação e da Cultura.

Depois de terem regressado ao poder, os talibãs afirmaram que se tinham mudado em relação ao período em que governaram (1996-2001) com amplas violações dos direitos humanos.

No entanto, as mulheres continuam a ser excluídas dos empregos públicos e as escolas públicas estão fechadas para as raparigas com mais de 12 anos.

Na sexta-feira, a polícia religiosa dos talibãs ameaçou disparar contra mulheres que trabalhavam para organizações não-governamentais internacionais se estas não usassem 'burqa', segundo dois funcionários destas organizações.

Mujahid atribuiu essas tentativas de intimidação à inexperiência dos combatentes talibãs, que agora têm a seu cargo a ordem pública, após 20 anos de guerrilha, alegou que "não têm formação" e afirmou que o novo regime é a favor dos direitos das mulheres.

"Mesmo sem exigências (da comunidade internacional), consideramos necessário que as mulheres trabalhem e sejam educadas", insistiu.

No domingo, devem ter início na Noruega conversações entre representantes de Cabul e de países ocidentais, que consideram o respeito pelos direitos das mulheres como um requisito para qualquer reconhecimento oficial do governo afegão.